*José Renato Nalini
O rumo do Brasil em direção à
descarbonização, urgente para mitigar os efeitos da mudança climática, tem um
norte correto. Voltamos a ser considerados potência verde, promissora com o
reconhecimento de que a natureza é nosso patrimônio maior. Quem é que dispõe de
condições mais adequadas para combater o desmatamento criminoso, vedar a grilagem
e o garimpo ilegal? Somos detentores de ativos ambientais preciosos: a maior
floresta tropical do planeta, doze por cento de todas as reservas mundiais de
água doce. Possuímos a dádiva de metais dos quais o futuro depende: lítio,
cobre e níquel.
Por iniciativa privada, quase metade
da energia já é renovável. Ainda fomos aquinhoados com vento, sol o ano todo,
estrutura hidrelétrica em funcionamento e experiência em biomassa.
Se investirmos na busca do
hidrogênio verde, em biogás e etanol de segunda geração, atrairemos um mercado
potencial de cento e trinta bilhões de dólares.
Para isso é preciso regular o
mercado de carbono, incluindo o agronegócio, para benefício dele mesmo. Somos,
sim, o celeiro do mundo. Sem necessidade de derrubar uma árvore a mais, podemos
alimentar toda a Terra. O ideal seria restaurar áreas degradadas, que são
superiores a setenta milhões de hectares.
Só falta entusiasmo coletivo. Muita
gente boa faz coisas boas, mas de forma descoordenada. Isso é bom, mas pode ser
melhor. Mostrar aos que nada fazem, que é possível a cada pessoa,
individualmente considerada, aprimorar o ambiente e, com isso, aperfeiçoar a
convivência.
Extrair do solo aquilo que ele nos
entrega em décuplo, generosamente, é participar do milagre natural da germinação,
do crescimento, do desenvolvimento e da frutificação. Que isso também sirva
como metáfora para cada um de nós: permitir que a semente da generosidade para
com o ambiente germine em nossa consciência. Se desenvolva e produza colheita
abundante, cujo resultado será contaminar com vontade e vigor, o desejo de
devolver à Terra o que dela subtraímos de forma perversa e contraproducente.
Já temos tudo à disposição: só falta vontade entusiástica para termos um novo Brasil. Muito mais próximo aos nossos sonhos.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
Comentários
Postar um comentário