Palmas por plantar palma

            


*José Renato Nalini

            O Brasil tem cento e setenta milhões de hectares degradados. À espera de consciência ecológica sensível para o replantio de cobertura vegetal nativa. Qual o objetivo? Tentar mitigar os efeitos das mudanças climáticas, o maior perigo que ronda a humanidade no século XXI.

            Existe uma crescente “simpatia” pelo tema aquecimento global. Isso porque as coisas chegaram muito antes do que se vaticinava há algumas décadas. As chuvas torrenciais, as secas, os deslizamentos, as mortes, são ocorrências hoje corriqueiras. As pessoas acordaram para a questão. Sabem que alguma coisa tem de ser feita e com urgência.

            Entre a “simpatia” e a prática, há um fosso aparentemente intransponível. O bicho-homem é pródigo em parolagem, miserável em ação concreta. Por isso é de se elogiar a iniciativa da Natura, que terá quarenta e cinco mi hectares de palma no Pará até 2035. Com isso, atenderá à integralidade de sua demanda por essa matéria-prima.

            O óleo de palma, ou de dendê, é o que a Natura usa para produzir sabonetes, cremes e xampus. Os maiores produtores de palma no planeta são a Indonésia e a Malásia. Aqui no Brasil, a ideia é aproveitar parte das terras degradadas ou improdutivas para a implantação de sistemas agroflorestais. O cultivo tem de ser combinado com o plantio de leguminosas, que ajudam a fixar nitrogênio no solo.

            É um projeto que merece aplauso. Garante aos agricultores que a produção seja adquirida preferencialmente pela Natura. Mas o restante do que cultivarem é para sua própria renda. Aproxima-se do Estado do Pará, um dos mais problemáticos, de acordo com o livro “Arrabalde”, de João Moreira Salles. Pois firmou um acordo com o governo do Pará, para a ampliação dos sistemas agroflorestais no Estado.

            Natura é uma empresa que comprova a possibilidade de exploração da bioeconomia, evidenciando que árvore em pé dá mais lucro do que transformada em carvão. Exemplo a ser seguido por outros empresários do setor ou de quem queira explorar os imensos e negligenciados potenciais da região cuja preservação é imprescindível à saúde da humanidade.

 *José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Pauo.

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