*José Renato Nalini
O Brasil quer entrar no clube
restrito e selecionado dos países que formam a OCDE, Organização para a
Coordenação do Desenvolvimento Econômico. Mas tudo indica ser impossível essa
admissão. Por uma série de razões. É necessário explicar?
O Brasil, que foi promissora
promessa verde, na década de setenta, passou a ser “Pária Ambiental”. A
Amazônia é importante para o mundo, mas nosso país invoca o conceito
relativizado de soberania para querer destruí-la sem pensar nas consequências.
Mas o principal é o descaso em
relação à educação básica. Houve uma explosão de universidades, às quais todas
chegam. Mas chegam, infelizmente, sem saber ler. O ensino fundamental capenga.
Em lugar de cumprir o artigo 205 da Constituição, que bem sintetizou as
finalidades desse direito de todos que é dever do Estado, da família e da
sociedade, as crianças são adestradas a decorar informações. E negligencia-se a
coisa mais importante: suas competências socioemocionais.
A OCDE, que leva a sério a educação
de base, não vai ignorar que o Brasil investe um terço do que as nações
desenvolvidas investem nessa faixa etária. Aqui o governo destina U$ 3,4 mil
por ano e na OCDE, os países reservam U$ 10 mil anuais. Já em relação às
Universidades Federais, o custo por aluno é U$ 14.417 por aluno. Nos países
adiantados, o universitário fica por U$ 13.855 anuais.
Enquanto não se inverter essa
equação cruel, não haverá saída para o Brasil. As Universidades Federais custam
muito, principalmente em salários. Não adianta multiplicar cursos
universitários para semiletrados. Quem não aprende o letramento na idade certa,
depois não consegue corrigir a falha e de pouco adianta o diploma universitário.
Ele não servirá para a sobrevivência digna de um profissional despreparado para
os desafios da Quarta Revolução Industrial.
A educação ainda vai perder mais em
2023, porque o ICMS é o maior financiador da educação, que sustenta o FUNDEB,
exatamente o órgão responsável pelo ensino básico. Para tornar combustíveis
fósseis mais baratos, deixa-se de educar os brasileiros.
Será que a OCDE não vai prestar
atenção a tudo isso e brecar a entrada do Brasil no privilegiado grupo, até que
alguém com juízo passe a levar a educação fundamental a sério?
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da
ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
Comentários
Postar um comentário