Democratização da cirurgia robótica trará benefícios para pacientes com hérnias complexas

 

Cirurgia robótica. Foto ilustrativa / Shutterstock


 

As hérnias da parede abdominal são altamente prevalentes na população brasileira. No Brasil, se considerarmos os sistemas público e privado de saúde, são realizadas 600 mil cirurgias de correção herniárias a cada ano.

 

Apenas no Sistema Único de Saúde (SUS) foram feitas 225,8 mil cirurgias de hérnias abdominais, entre junho de 2021 e junho de 2022, sendo 49 mil atendimentos de urgência - 21% do total. As hérnias recidivadas - aquelas que já foram tratadas e voltaram -, que por si só representam um caso complexo, chegaram a 1.794 casos neste período.

 

De acordo com o cirurgião associado à Sociedade Brasileira de Hérnia, Dr. Pedro Trauczynski, a plataforma de cirurgia robótica permite mais segurança e precisão no tratamento das hérnias da parede abdominal, especialmente os casos complexos. Permite que esses pacientes sejam tratados de forma minimamente invasiva e não exclusivamente com a cirurgia aberta. “Estamos falando de grandes hérnias abdominais (com mais de 5 centímetros de afastamento), as hérnias inguinais [na virilha] grandes, pacientes que já fizeram cirurgias de próstata, pois é a mesma região anatômica da hérnia, aqueles que já operaram e outros casos que exigem uma avaliação individual”.

 

Hoje o Brasil já tem duas plataformas robóticas liberadas para uso em cirurgias, uma delas já tem mais de cem robôs operantes no Brasil. Em 2021, foram feitas aproximadamente 24 mil cirurgias robóticas no país, de acordo com representantes do setor no mercado.

 

Com as novas plataformas, essa tecnologia que ainda não está disponível no SUS ou planos de saúde, deve se tornar mais acessível. “Com esse aumento com certeza vai ocorrer uma democratização da cirurgia robótica, especialmente quando a gente considera a situação econômica e o custo global de uma cirurgia de hérnia, não pensando somente os custos cirúrgicos, mas sim uma menor chance de complicação, um retorno mais rápido do paciente às suas atividades laborais e, dessa forma, é cada vez mais viável economicamente a cirurgia de hérnia por via minimamente invasiva e robótica”, esclarece. “Todos os tipos de hérnias podem ser operadas com o uso da plataforma e a tendência é que no decorrer dos anos esse seja um método de escolha, porque as plataformas estão cada vez mais baratas, o custo está diminuindo e o número de plataformas robóticas no Brasil vem avançando muito”.

 

BENEFÍCIOS - O robô não realiza nenhum movimento sozinho, tudo é comandado por um cirurgião capacitado através de um console de controle. Ele oferece ao especialista um aumento de imagem de até quarenta vezes e movimentos das pinças de 360º, o que nem mesmo a mão humana é capaz de fazer.

 

Para o presidente da SBH, Dr. Marcelo Furtado, a tecnologia oferece mais precisão nos movimentos. “Ajuda a preservar as estruturas anatômicas e reduzir dor pós-operatória, sangramento e a presença de hematomas. O paciente também é beneficiado com a alta hospitalar precoce e retorno mais rápido às suas atividades cotidianas”, esclarece.

 

Furtado concorda que a democratização deste tipo de procedimento é uma questão de tempo. “Não há dúvida que é o futuro. Hoje não estamos em um estágio de discussão de SE, mas de QUANDO ela vai estar disponível para a maioria das pessoas. Tem a questão do custo, que limita muito, mas o Brasil avançou nos últimos anos, com um número grande de plataformas instaladas. O que era algo restrito há cinco anos, mais do que dobrou recentemente”, afirmou.


 

O QUE SÃO AS HÉRNIAS -- A hérnia é um defeito ou um orifício nos músculos do abdome que permite que o intestino ou uma porção de gordura passe através dele. Ainda que hérnias possam ocorrer em muitos lugares no corpo humano, elas são mais comuns na parede abdominal, como explica o vice-presidente da SBH, Dr. Gustavo Soares. “Elas podem ocorrer em qualquer idade, mas, atingem principalmente os adultos. Como trata-se de uma abertura na musculatura o tratamento é exclusivamente cirúrgico, com exceção da hérnia de hiato [no estômago] que pode ser tratada com medicamentos”.

 

As hérnias não desaparecem sozinhas e a única forma de curá-las é a cirurgia, as mais comuns são as hérnias inguinais (na virilha), umbilicais, incisionais (no local da cicatriz de uma cirurgia anterior) e epigástricas (um pouco acima do umbigo).


 

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