*José Renato Nalini
Enquanto os senadores brasileiros,
ao que parece, comportam-se como se a degradação do ambiente nacional não lhes
diz respeito, os senadores norte-americanos tomam atitude.
Endereçam ao Presidente Joe Biden
uma carta recomendando que condicionem qualquer apoio ambiental ao Brasil, se
houver progresso significativo e sustentado na sanha do desmatamento e no fim
da impunidade por crimes ambientais.
Quinze integrantes do respeitado
Senado americano firmaram a carta. Dentre eles, os ex-presidenciáveis Bernie
Sanders e Elizabeth Warren, além do presidente do Comitê de Relações Exteriores
do Senado, Bob Menendez. O ofício é contundente. Menciona que o presidente
brasileiro “deu sinal verde” para atividade criminosa na Floresta Amazônica.
Mencionam os signatários que o
governo esvaziou órgãos ambientais e não dialoga com lideranças indígenas e com
a sociedade civil. Nunca houve demonstração de interesse sério em trabalhar com
os atores dentro do Brasil, embora estes desempenhem relevante papel na
tentativa de salvar a Amazônia. “Pelo contrário, o presidente ridicularizou
publicamente a principal agência ambiental do Brasil e sabotou sua capacidade
de fazer cumprir as leis ambientais”. Acrescentam que ele tem “procurado
enfraquecer a proteção de territórios indígenas, desprezado abertamente os
ambientalistas brasileiros, referindo-se a eles como um ‘câncer’ na Amazônia,
que ele ‘não pode matar’, acusando-os falsamente de incendiar a floresta
tropical”. A partir do “histórico de compromissos climáticos não cumpridos”,
qualquer auxílio deverá se condicionar a resultados. Citam ainda o Relatório da
Human Rights Watch, cuja conclusão é de que o desmatamento é impulsionado por
“poderosas redes criminosas” que cotam com “impunidade quase total”.
Antes mesmo de assumir a
presidência, o democrata Joe Biden dissera que o Brasil sofreria sanções
econômicas se não levasse a sério a preservação ambiental. Diante de
manifestações em todo o planeta, mera promessa de alteração de rumo será
insuficiente para comover o pragmatismo ianque. Mas é muito simples reverter
expectativas. Basta cumprir a lei. O ordenamento brasileiro é bastante para a
tutela ecológica. Que venham, portanto, os resultados!
*José Renato Nalini é Reitor
da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA
PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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