*José Renato Nalini
É de pasmar, causar espanto e até
susto, haver quem proponha o retorno ao voto de papel. A Democracia Brasileira
demonstrou ao mundo a segurança do voto eletrônico, sua confiabilidade e
segurança. Observadores internacionais insuspeitos acompanharam várias eleições
e voltaram a seus países e aos organismos que os indicaram, elogiando a sistemática
tupiniquim.
A ideia de retorno ao passado é uma
ideia de jerico. Era com o voto de papel que o coronelismo conseguia a eleição
de seus candidatos, pois o analfabeto recebia a cédula pronta e a depositava na
urna, sem saber em quem estava votando.
O voto eletrônico foi um avanço. As
novas gerações têm uma reconhecida desenvoltura para atuar com a eletrônica.
Qualquer criança hoje sabe que com um clique acessa um universo de informações,
o que permite a ela ficar conhecendo o mundo e fazer a filtragem que a
credencia a se tornar mais capaz de fazer suas escolhas.
Pretender o abandono do que funciona
e é imperativo da Quarta Revolução Industrial para voltar às praxes que
encobriam falcatruas é um atraso inadmissível. Integra o capítulo do tosco
negacionismo que renega a ciência, acredita que a vacina tenha chips, prega que
a Terra é plana e que o comunismo está na literatura, na cultura e nas artes.
A lucidez pátria não pode permitir
essa involução. Ao contrário, é hora de se pensar em eleições inteiramente
eletrônicas, assim como acontecem nos países mais civilizados e adiantados do
planeta. Um Brasil com cerca de trezentos milhões de mobiles já autoriza uma
eleição em que cada um vote com aquilo que tem à disposição: celular, tablet,
computador pessoal, notebook ou seja o que for. Se Islândia elabora
Constituição pela internet, a Estônia tem governo totalmente digital, o Brasil
não pode pagar mais um vexame e sequer pensar em voltar ao século XIX.
É hora de entrar no século XXI. Ainda bem que a lucidez da academia, a Universidade, a mídia e o Judiciário nunca embarcarão nessa jangada rudimentar, atestado manifesto do obscurantismo que ainda existe em certos nichos tupiniquins.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da
ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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