Agricultura de Precisão na Fruticultura e Vitivinicultura começou hoje


 
Começou nesta quarta-feira, dia 5, e segue até o dia 7, sexta-feira, o II Workshop de Agricultura de Precisão na Fruticultura e Vitivinicultura, na sede da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves, RS. A Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa apresentará os avanços e as possibilidades que o uso dessa tecnologia traz para a área agrícola. O evento ainda está com as inscrições abertas no endereço https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/wap.

Segundo Rosemary Hoff, pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho e coordenadora do encontro, a agricultura de precisão (AP) é relativamente nova e compreende o uso integrado de informações e tecnologias para o planejamento e gerenciamento de um cultivo agrícola, levando-se em conta a variabilidade dos fatores de produção de uma cultura no espaço e no tempo. A fruticultura de precisão começou com trabalhos na citricultura e na viticultura para a elaboração de vinhos, mas demorou a se tornar aplicável à atividade agrícola em geral, pois são necessárias extensas pesquisas e testes. "Após uma década, já temos técnicas, softwares e equipamentos adaptados para o uso de fruticultores no Brasil, como sensores de campo e geotecnologias, que com certeza farão a diferença para os produtores", avalia a pesquisadora.

Conforme Luciano Gebler, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, e organizador do evento, "o workshop  visa trazer a essas áreas produtivas a possibilidade de ampliar sua capacidade de organização, de produção e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos ambientais causados tradicionalmente pela atividade agrícola".  Segundo sua análise, o encontro irá possibilitar o conhecimento sobre novas tecnologias  que serão apresentadas por pesquisadores que trabalham com fruticultura e vitivinicultura de precisão no Brasil, dando a chance de aproximar o setor produtivo da pesquisa.
 
A AP pretende alavancar a organização do setor da fruticultura, em especial da maçã, permitindo gerenciar a variabilidade espacial das áreas produtivas. Ela pode ser aplicada em  propriedades de qualquer tamanho, através da organização e coleta de dados no campo e geração de informações." Será uma grande ferramenta para aumentar a eficiência do setor, principalmente em fatores chave como manejo do ambiente produtivo e uso de mão de obra, auxiliando o produtor na tomada de decisão. A agricultura de precisão visa o gerenciamento mais detalhado do sistema de produção agrícola como um todo, não somente nas aplicações de insumos ou de mapeamentos diversos, mas dos processos envolvidos na produção. Esse conjunto de ferramentas para a agricultura pode fazer uso do GNSS (Global Navigation Satelite System), do SIG (Sistema de Informações Geográficas), de instrumentos e de sensores para medidas ou detecção de parâmetros ou de alvos de interesse no agroecossistema (solo, planta, insetos e doenças), de geoestatística e da mecatrônica.
 
Mas a AP não está relacionada somente ao uso de ferramentas de alta tecnologia, pois os seus fundamentos podem ser empregados no dia a dia das propriedades pela maior organização e controle das atividades, dos gastos e produtividade em cada área. O emprego da diferenciação já ocorre na divisão e localização das lavouras dentro das propriedades, na divisão dos talhões ou piquetes, ou simplesmente na identificação de "manchas" que diferem do padrão geral. A partir desse ponto de vista, o tratamento diferenciado de cada área já é a aplicação do conceito de AP.
 
O sensoriamento remoto, por exemplo, utiliza-se de imagens de satélite e modelos de elevação que são feitos por imagens de radar que se conseguem gratuitamente e também com sensores de campo, tipo espectrorradiômetros.  "Essa é uma área que a Embrapa Uva e Vinho trabalha em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Unisinos. Esses sensores de campo simulam o que os satélites captam, como os sensores de NDVI. O sistema de informação geográfica por sua vez é um sistema que permite colocar em mapas, as informações geradas durante a ida a campo, pesquisas e controle das culturas. Na viticultura e na fruticultura, no caso da maçã, essas duas grandes áreas técnicas (sensoriamento remoto e o SIG) têm que controlar a cultura geograficamente no tempo e no espaço, dentro de uma parcela, e entre parcelas  através da captação de imagens frequentes, acompanhando o ciclo fenológico da cultura", completa Hoff.
 
As atividades de pesquisa para o vinho com AP iniciaram em 2010, através de uma pesquisa sobre o georreferenciamento das videiras no Vale dos Vinhedos. Determinação dos perfis e análises de amostras e condutividade elétrica do solo, índice de vegetação por diferença normalizada, clorofila das folhas, análise de minerais dos pecíolos, composição físico-química do mosto da uva e do vinho, características sensoriais do vinho e vigor da planta. Parte dos resultados foi espacializada, mas há outros ainda a ser contemplados. Dentro desse trabalho, alguns resultados prévios foram obtidos pelos pesquisadores de duas unidades da Embrapa (Embrapa Uva e Vinho, Alberto Miele e Embrapa Clima Temperado, José Maria Filippini Alba e Carlos Alberto Flores, este último hoje aposentado) que analisaram o solo em 10 unidades de mapeamento no Vale dos Vinhedos da empresa Miolo. 
 
Além de palestras, o evento também contará com uma visita técnica ao Vale dos Vinhedos e demonstração de equipamentos, que poderão ser utilizados pelos produtores, como drones e sensores para agricultura. O evento visa também divulgar o trabalho de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias desenvolvido pela Embrapa e demais instituições parceiras e informar sobre as ações de apoio e incentivo disponibilizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na área.

Comentários