Reflexões: Autoamor

Adelvair David
 
 
 
As sombras que se fazem aparecer no comportamento humano são decorrentes da falta do autoamor.
Sem o amor a si mesmo, segue comumente o homem transitando pelas estradas dos enganos culpando a tudo e a todos pelos seus insucessos, pelas suas quedas e pelos seus fracassos.
A falta ao autoamor tira a clareza de como se deve enxergar a vida. A pessoa não percebe o óbvio, faz negócios estranhos e cede ao que não devia e se comporta indevidamente diante da sua e da vida dos outros.
Não é difícil entender-se o que seja o autoamor, porém, complexo é colocar-se em prática. O exercício de qualquer das paixões inferiores denuncia a sua falta. Hipnotizado pela conveniência da sua vontade fraca, cede sempre ao que não deve e quando descoberto não consegue a princípio entender a indignação das pessoas, por estar atordoado pelo choque da realidade. Mesmo que não possua qualquer sentimento de religiosidade há de se convir que seja necessário que a sociedade tenha um rumo ético, disciplinado com regras que precisam ser respeitadas para que seja possível que todos vivenciem os mesmos direitos e deveres, sem privilégios ou concessões indevidas. Muitos dos males que a humanidade tem de suportar socialmente tem raízes no desrespeito às instituições, pelo egoísmo que impera anestesiando a dignidade das criaturas que as representam.
Observa-se que o detido olhar para se fazer o que se deve e não o que se quer, faz com que o homem, sob qualquer ideologia positiva, consiga viver amorosamente com o seu semelhante e possa contribuir para o bem de todos e de tudo, inclusive do sucesso da sua própria vida. O desejo de ver os outros felizes, o trabalho incessante para combater os maus pendores, faz com que os olhos se iluminem e permitam uma visão mais otimista e justa mesmo diante de contrariedades. Quem assim procede, desfruta mais dos bons momentos da vida e do próprio êxito, não reclama e tem o coração em paz, pois sabe que está fazendo tudo o que lhe compete diante dos seus deveres para com a vida.
Nem sempre quem alcança a glória humana é feliz e não raras vezes deseja fugir da vida, aniquilando a existência desastradamente pelas vias do suicídio, anunciando que nada do que vem de fora é garantia de paz e completude íntima. Somente o autoamor pode dar à pessoa o que lhe garantirá uma vida exitosa. Por teimar nos comportamentos indevidos é que muitos aguardam na fieira das reencarnações que se sucedem dolorosas, o momento de ser feliz. Sem castigo, mas responsável pelo que faz, segue o homem retardando o entendimento de que, somente ele, é o responsável pela vida que tem e que terá.
Afirmou o bom Senhor: "a cada um segundo as suas obras".
AMAR-SE É QUERER SEMPRE O BEM.
 

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