A formação do educador, por Flávio Carvalho

 
Muito se tem discutido sobre a formação do educador, e muitos são os trabalhos apresentados sobre tal temática. Muitos são os cursos, seminários que discutem o tema. O que mais se tem tentado demonstrar e discutir, é a capacidade que possui o educador de pensar sobre seu papel, e não apenas executá-lo, automatamente.

Os estatutos, regimentos atuais possuem leis, regras a serem seguidas pelos educadores, onde apresentam as devidas competências que devem ser cumpridas. Como se isso bastasse para transformar o indivíduo num excelente educador. Mister se faz que as políticas educacionais sejam mudadas sobremaneira. O educador deve ter mais liberdade, e mais, muito mais deve ser investido na sua formação, principalmente no que tange ao suporte psicológico, um acompanhamento de seus problemas pessoais, feito por profissional dentro de um ambiente clínico individual.

A década de 80 foi muito marcante e importante para a educação, pois trouxe o educador para dentro do debate, ou seja, o educador passou a fazer parte de tal discussão, e o mesmo passou a propor mudanças no que tange a sua formação.

Vários são os projetos e políticas apresentadas pelo governo para a formação do educador, mas nada melhor que treiná-lo a pensar por si só, ou seja, o próprio educador tem que ganhar a consciência de sua situação, e assim podendo melhor investir na sua formação. Este é outro aspecto que a contribuição da psicanálise poderá ser enorme, ou seja, ajudando o educador a tomar consciência de sua atual situação, e este trabalho é feito através de sessões de análises individuais ou em grupo.

Percebemos que a cada nova política educacional, a cada projeto apresentado, se instala o caos, não somente na classe, mas em toda sociedade, pois todos defendem que a solução de todos os problemas está na educação, o que potencializa ainda mais a problemática.

Mas ainda podemos constatar que o educador se encontra muito distante no que tange a sua atuação na contribuição para solucionar os problemas educacionais. Mister se faz que os educadores sejam mais agressivos, e que sejam mais ouvidos, pois são o que possuem melhores condições para contribuir na solução de problemas educacionais, e são os mesmos os envolvidos diretamente na temática.

O professor é um dos sujeitos do processo ensino-aprendizagem e, nesta relação, discute seu saber. E não é um projeto, programa ou política educacional que vai resolver definitivamente os problemas de aprendizagem, ou de ensino. A classe dos professores necessita ser mais unida e organizada. Se constata um enorme interesse da classe no que tange a política salarial, mas o mesmo não acontece quando se vai discutir possíveis soluções para a melhora da educação e de sua formação quanto docente.

O educador brasileiro precisa romper com alguns paradigmas, se libertar das amarras que ainda o prende a um passado, mister se faz que haja um resgate de sua auto-estima, que ele compreenda e acredite na importância de seu papel perante a sociedade. Mister se faz que ele acredite que exerce o mais importante e fundamental papel dentro de uma sociedade, que é o de educar o indivíduo, e ainda se não bastasse ele tem que lidar com indivíduos com dificuldades de aprendizagem, inclusão etc.

Sou professor, mas sou também formador de opinião, detentor de conhecimento e ferramentas úteis e importantes no processo ensino-aprendizagem, mas devo respeitar também o ponto de vista do sujeito que aprende, e sou um deles também, mas quando ensino devo ter a consciência desta minha tarefa, e tenho que estar atento as minhas responsabilidades como educador, psicanalista e psicopedagogo. Se o educador tiver tal consciência, sua contribuição será enorme e linda, não somente no que tange a educação, mas para toda a sociedade em que vivemos.


*Flávio Rodrigo Masson Carvalho
equilibriumtc@hotmail.com

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