*José Renato Nalini
Nunca esteve tão próximo o perigo de
se encerrar a aventura humana em curso por este planeta. O aquecimento global é
o mais grave risco já registrado sobre qualquer espécie de vida, inclusive a
dos animais racionais. Só que os poderosos não se preocupam com isso. Continuam
a explorar combustíveis fósseis, a expelir os gases venenosos causadores do
efeito-estufa. Compromissos assumidos como o Protocolo de Quioto e o Acordo de
Paris ficam a enfeitar escaninhos. Não surtem efeito, porque não são cumpridos.
A incoerência está na atitude dos
grandes emissores, mas também na postura confortável dos pequenos. Dentre
estes, com algum esforço, pode ser incluído o Brasil. Em nossa Pátria, a maior
causa de emissão dos gases venenosos é o desmatamento. Incrível ouvir falar em
“desmatamento zero” para 2030. Por que não já? Porque não há vontade política,
menos ainda competência para cuidar dessa questão dramática.
Num período em que o Brasil arde em
chamas, com destruição de habitats, de animais, de plantações, de mata nativa,
de moradias, com a fumaça atingindo todo o território e o espetáculo surreal de
incêndio na região mais úmida do planeta – o Pantanal – não faz sentido viajar,
levar comitivas para o estrangeiro, enquanto a nação vira cinzas.
Mas não há inocentes no cenário de
descaso, inércia e omissão. Qualquer pessoa sensível e consciente pode fazer a
diferença. Importunar os parlamentares em quem votou, para que assumam o
desafio de resolver a questão dos créditos de carbono, de criar a autoridade
climática, de punir os incendiários, de acabar com a criminalidade organizada e
sofisticada que extermina a Amazônia e outros biomas.
Cuidar de sua cidade, pois é no
município que as pessoas vivem, não na União ou no Estado. A União existe para
servir à população, não o contrário. Compenetrar-se de que existem ferramentas
muito fáceis e pouco dispendiosas para melhorar o microclima local: chamam-se
árvores. A árvore, neste momento crucial, é a maior amiga da vida humana. Ela
não faz apenas sombra. Ela gera água. E a escassez hídrica também está à
espreita.
Vamos começar em casa e, se
conseguirmos converter mais pessoas, nem tudo ainda estará perdido.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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