Paiva Netto
Com o verão, o receio de outra epidemia da dengue voltou a
inquietar a mente de autoridades sanitárias e do povo. E a preocupação tem
fundamento. Julguei oportuno, então, novamente tratar do assunto com vocês.
Muita gente viaja pelo país.
No Boletim Epidemiológico, da Secretaria de Vigilância em
Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, tomamos conhecimento de que, “Em 2023, (...) foram registrados 1.530.940
casos prováveis de dengue no país, e o coeficiente de incidência de 753,9
casos/100 mil habitantes. Esses números representam um aumento de 16,5% no
número de casos quando comparado com o mesmo período do ano anterior (1.313.805
casos prováveis e 647,0 casos/100 mil habitantes. (...) A região geográfica com
o maior coeficiente de incidência é a Região Sul, com 1.269,8 casos por 100 mil
habitantes, seguida da Região Sudeste, com 1.028,6 casos por 100 mil
habitantes, e da Centro-Oeste, com 935,9 casos por 100 mil habitantes. As
Regiões Norte e Nordeste apresentam coeficientes de incidência de 173,8 e 174,7
casos/100 mil habitantes, respectivamente”.
Ainda segundo o informativo, “as maiores taxas de positividade geral para dengue foram observadas no
Rio de Janeiro, com 65,5%, seguido de Maranhão, com 51,5% e Mato Grosso do Sul
e Paraíba, ambos com 41,8%”.
Focados na solução do problema
Em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Rádio, o dr.
Ricardo Ciaravolo, pesquisador científico, técnico da Superintendência do
Controle de Endemias (SUCEN), foi enfático ao afirmar: “(...) Temos de estar focados em resolver o problema da dengue os 365
dias do ano, porque os ovos do mosquito podem resistir por muito tempo. Daí a
necessidade de, em todas as estações, realizar vistorias para identificar esses
criadouros e eliminá-los. Eles estão muito próximos da gente, dentro das nossas
residências, nos locais onde trabalhamos, ou nas áreas externas, nos quintais,
áreas comuns. Temos que colocar o tema dengue em todas as reuniões que
fizermos, ou seja: reuniões de condomínio, de pais e professores, Cipas nas
empresas, nos encontros da sociedade e melhoramentos de bairros. Assim,
estaremos sempre discutindo as ações contra o mosquito da dengue. Como é
transmitida pelo vetor mosquito Aedes aegipty, a densidade se eleva justamente nessas épocas com temperaturas mais
altas; porém, como em várias regiões do país, o inverno se dá com temperaturas
elevadas, temos municípios que apresentam casos de dengue durante todo o ano,
mas o número sempre aumenta em épocas de verão, fim de primavera e no começo do
outono. (...) Outra atuação, não menos importante, é a da pessoa: ao sentir
algum dos sintomas que são de dengue (febre alta, dores no corpo, dores na
cabeça, fadiga, vermelhidão, manchas na pele), procurar rapidamente uma unidade
de saúde para fazer o diagnóstico, porque só um médico terá condições de
verificar se é dengue ou não, e se pode evoluir para um caso grave, a chamada
dengue hemorrágica”.
Atitudes simples
Diante do que foi exposto pelo dr. Ciaravolo, atitudes
simples podem evitar tragédias. A Secretaria de Vigilância em Saúde do
Ministério da Saúde aponta algumas maneiras de eliminar o Aedes aegypti: “Encha de
areia até a borda os pratinhos dos vasos de planta; lave semanalmente, por
dentro, com escovas e sabão, os tanques utilizados para armazenar água; jogue
no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, potes,
latas, copos, garrafas vazias etc.; mantenha a caixa d’água sempre fechada, com
tampa adequada; mantenha o saco de lixo bem fechado e fora de alcance dos animais
até o recolhimento pelo serviço de limpeza urbana; coloque o lixo em sacos
plásticos e mantenha a lixeira bem fechada. Não jogue lixo em terreno baldio;
remova folhas, galhos e tudo o que possa vedar a água correr pelas calhas; não
deixe a água da chuva acumulada sobre a laje; entregue seus pneus velhos ao
serviço de limpeza urbana ou guarde-os sem água em local coberto e abrigados da
chuva”.
É preciso que cheguemos antes dos problemas, de modo a
impedir que ocorram. Portanto, estejamos em 2024 esclarecidos e tomando parte
no combate aos focos da doença. Trata-se de questão nacional. Resolvê-la é
dever do Estado e do cidadão.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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