Foto: Fernanda Diniz
Da esquerda para direita: Luciene Mignani, Ana Euler, Evandro Holanda, Gilson Bittencourt e Camile Marques
Mais de 500 pessoas, incluindo cientistas e representantes da sociedade civil, participaram de conferência híbrida promovida pela Embrapa, no período de 15 a 19 de abril, para definir diretrizes voltadas à transformação ecológica de sistemas agroalimentares. Essa e mais de 200 iniciativas em todo o País têm como objetivo reunir subsídios a serem apresentados na 5ª Conferência Nacional de CT&I (5ª CNCTI), que acontece entre os dias 4 e 6 de junho, em Brasília, para reunir e trocar conhecimentos sobre o papel da ciência e tecnologia na construção de um Brasil mais justo, sustentável e desenvolvido. As orientações embasarão também a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) para o período de 2023 a 2030.
Segundo o pesquisador Evandro Holanda, que coordenou o evento, o documento com as principais diretrizes e recomendações será enviado hoje (22/4) ao comitê-executivo da 5ª CNCTI. Essas propostas são resultado de debates realizados ao longo de cinco dias, que reuniram representantes de 128 cidades brasileiras, incluindo Unidades da Embrapa, 45 universidades brasileiras, órgãos de assistência técnica e extensão rural (Ater), cooperativas, ONGs, agricultores, comunidades tradicionais e povos originários do Brasil.
Uma das principais questões, na visão dos participantes, é garantir que a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação reconheça a importância dos agricultores familiares, povos de comunidades tradicionais e povos originários como sujeitos da inovação. Isso pode trazer uma abordagem inclusiva e sustentável para o desenvolvimento do País. “Esses agricultores não podem ser vistos apenas como receptores de tecnologias produzidas pela pesquisa”, reforça Holanda.
Durante a cerimônia de encerramento, no dia 19 de abril, a diretora de Negócios, Ana Euler, ressaltou a importância da data, na qual é comemorado o Dia Nacional dos Povos Indígenas. Segundo ela, a parceria com os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Fazenda (MFAZ) e Educação (MEC), além da organização sem fins lucrativos World-Transforming Technologies (WTT) e da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) foi fundamental para a construção das propostas.
Foto: Saulo Coelho
Euler destaca que as principais discussões acerca desse tema apontam para o futuro. “A ciência e a tecnologia foram fundamentais para garantir ao Brasil a posição de destaque que tem hoje no agro mundial. O desafio atual é olhar para o futuro de maneira cidadã, atuando de forma cada vez mais próxima das iniciativas inovadoras nos territórios, conectando-se às realidades dos agricultores, de forma a fortalecer as redes sociotécnicas e os ecossistemas de inovação locais”, pontua.
O diretor de Pesquisa e Inovação, Clenio Pillon, salienta a importância da retomada da CNCTI após 14 anos. “Trata-se de um espaço democrático de extrema importância para impulsionar as ações de CT&I em todas as áreas do País”, diz. Assim como Ana Euler, ele afirma que o foco da ciência do futuro é na transformação e inclusão. “O Brasil fez muito no que se refere à agricultura nos últimos 50 anos, mas não fez a inclusão necessária. Infelizmente, hoje, grande parte das tecnologias não está à altura dos agricultores familiares, incluindo ribeirinhos, indígenas, entre outros de pequeno porte. Eles são os grandes responsáveis pela diversificação da matriz produtiva. Portanto, o foco dos 50+ é trabalhar a ciência que transforma e inclui”, enfatiza.
Pillon pontua ainda que a meta é transformar as Unidades da Embrapa em grandes hubs de multiplicação de conhecimento e democratização das tecnologias geradas. “A agenda da inclusão produtiva precisa abranger o acesso a mercados. Não adianta investir em tecnologias sem conhecer as necessidades do setor produtivo. Temos que fortalecer a conexão entre ciência e a base territorial”, defende.
Participaram ainda da cerimônia de encerramento o subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais, Gilson Bittencourt, que também é conselheiro do Consad; a Secretária-Adjunta da Secretaria Nacional de Agricultura do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Luciene Mignani; e a diretora do Departamento de Promoção da Inclusão Produtiva Rural e Acesso à Água do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Camile Marques.
Inclusão socioprodutiva e rotas tecnológicas para adaptação às mudanças climáticas
Evandro Holanda explica que a agenda central das discussões teve como base a promoção de sistemas alimentares inclusivos, saudáveis e sustentáveis em alinhamento com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
A transformação dos sistemas agroalimentares está centrada em dois eixos, interdependentes e conectados, que são: a inclusão socioprodutiva para a soberania alimentar e segurança alimentar e nutricional e as mudanças de rotas tecnológicas para adaptação às mudanças climáticas.
Uma das principais conclusões da conferência é a necessidade de redirecionamento do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, com base em dois pontos principais. O primeiro é o reenquadramento das ações de inovação, de forma que não sejam simplesmente incrementais, mas que contribuam para a reestruturação sistemática da arquitetura dos sistemas agroalimentares para torná-los mais inclusivos, sustentáveis e saudáveis. O segundo é a necessidade de fomento à CT&I para a transformação ecológica dos sistemas agroalimentares, a partir de novas formas e fontes de financiamento.
Diretrizes de CT&IComo principais diretrizes para fortalecer a atuação da ciência, tecnologia e inovação na transição ecológica dos sistemas agroalimentares, destacam-se:
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Propostas de iniciativas estruturantesAs discussões realizadas durante a conferência resultaram na definição de duas propostas de iniciativas estruturantes, que são: 1) Plataforma de CT&I para a transformação do sistema agroalimentar brasileiro
2) Iniciativas e programas estruturantes
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Fernanda Diniz (MtB 4685/DF)
Superintendência de Comunicação (Sucom)
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