*José Renato Nalini
O filósofo Luc Ferry lamentava a
perda de patriotismo na França. Dizia que em seu tempo de ensino fundamental,
se a professora indagasse quem morreria pela Pátria, a unanimidade dos alunos
se levantaria e responderia “Sim”.
Hoje, se idêntica pergunta for
feita, merecerá indiferença ou deboche. Desapareceu o amor à Pátria.
Substituído por ira fanática, agressões verbais e físicas, invocação a símbolos
inspiradores de violência e intolerância.
Entretanto, o sentimento de amor à
Pátria já se manifestou de forma ardorosa em São Paulo, com as primeiras turmas
das Arcadas, a Faculdade de Direito criada em 1827 e instalada em 1828.
Eram apenas duas as escolas
jurídicas no Brasil: Olinda e São Paulo. Hoje, o país tem mais Faculdades de
Direito do que a soma de todas as demais, espalhadas pelo restante do planeta.
Por isso é que o Brasil é a terra em que a Justiça impera e inspira.
Quando os bacharéis, depois de cinco
anos, deixavam São Paulo para voltar à sua província natal, despediam-se
chorando, porque haviam se afeiçoado a Piratininga. E deixavam registrado esse
amor. Um exemplo: Lúcio de Mendonça, no texto “Adeus a São Paulo”, publicado em
“A Província”, que antecedeu o “Estadão”, louvava a terra onde aprendera o que
significa liberdade. E dizia que o planalto paulistano era tão alto, “que de lá
se avista o futuro do Brasil inteiro”. Confessava que em São Paulo “nutri-me do
pão dos fortes, enrijei-me às auras vitais daquela terra; bebi a longos sorvos
o seu alento vigoroso; aqueci o peito ao calor do seu peito de gigante;
penetrei-me da sua energia selvagem; verme, senti arrojos de água; encarei de
face com o sol; antevi, em sonhos grandiosos, o largo destino da pátria
republicana e, no solo paulista, tive orgulho de ser brasileiro”.
Quem é que hoje tem coragem de
repetir, ainda que com outras palavras e no estilo da época, sentimento de
idêntica intensidade em relação ao seu solo natal? O ensino do direito está
ensinando também o amor à Pátria, o amor à cidade em que se nasceu, o amor à
origem e à história de nosso país?
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral
da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.
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