*José Renato Nalini
Quando se fala em desconhecimento do
tesouro escondido na biodiversidade amazônica, não se imagina o quanto o Brasil
está perdendo por não se aproveitar de seu patrimônio natural. Noticia-se agora,
que pesquisas realizadas na Embrapa comprovaram que uma planta nativa pode ser
utilizada para substituir o nefasto mercúrio. Esta substância cruel, que
envenena as águas doces, ainda é usada pelos garimpeiros à procura de ouro. Se
o aproveitamento desse vegetal se mostrar viável, o ganho ambiental será
estupendo.
A espécie vegetal tem o nome
científico de ochoma pyramidade, mais conhecida como pau-de-balsa. Uma árvore
frondosa, que cresce rapidamente, podendo chegar aos trinta metros. Os
moradores da floresta a conhecem, também, como pau-de-jangada, pata-de-lebre e
outros, variando o nome de acordo com a região. E, mais espertamente do que os
brasileiros, os colombianos já se servem dela, ainda que de forma artesanal, na
região de Chocó, para garimpo a céu-aberto.
A fase atual da pesquisa cuida da
extração de um bioextrato, retirado das folhas do pau-de-balsa, para servir
como substituto do mercúrio. É viável que o extrato seja mais eficiente ainda
do que o mercúrio e a sua vantagem é ser totalmente atóxico. Um subproduto
considerável é a possibilidade de incremento à plantação de mais exemplares de
pau-de-balsa, já que haverá necessidade de permanente utilização das folhas
para a produção do bioextrato.
Imagine-se quantas outras espécies
da flora estão à espera de uma pesquisa que demonstrará a sua utilização para
as mais diversas finalidades, sejam farmacêuticas, alimentares, cosméticas ou
de outra ordem, como esta, que envolve o garimpo. É urgente que as
Universidades, a academia, os institutos de pesquisa, o empresariado e a mídia,
o Terceiro Setor, todos os brasileiros de boa vontade exijam a concretização
dos discursos edificantes em relação à Amazônia, que não passam de
manifestações gongóricas e de concretização nula.
A bioeconomia pode tirar o Brasil
dessa situação de quarto mundo, mera exportadora de comodities, desde que haja
continuidade de pesquisas como essa. O que está faltando para o Brasil acordar?
*José Renato Nalini é
Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.
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