OMS afirma que cerca de 830 mulheres morrem todos os dias no mundo por causas relacionadas à gravidez e ao parto

 Instituto Opy


No Dia Nacional da Luta pela Redução da Mortalidade Materna, a diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, e a gerente de enfermagem da Casa Angela, enfermeira obstetra, Ioná Araújo de Souza abordam cuidados essenciais durante a gestação

São Paulo, 26 de maio de 2023 – O Dia Nacional da Luta pela Redução da Mortalidade Materna e Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher, celebrado em 28 de maio, traz uma reflexão sobre a importância de cuidados adequados durante a gestação e a necessidade de reduzir os índices de mortalidade materna no planeta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 830 mulheres morrem todos os dias no mundo por causas relacionadas à gravidez e ao parto.

 

Para a diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, a mortalidade materna está relacionada ao cuidado e à  assistência na gestação e no nascimento. Reduzir os indíces de mortalidade materna se tornou um desafio ainda maior nos últimos anos. O Sistema Único de Saúde tem o papel de garantir a assistência de forma universal à todas as famílias,  principalmente durante a gestação que é um período que requer cuidados especiais, com exames, consultas, cuidados nutricionais sistemáticos previstos na assistência pré-natal. É preciso fortalecer a atenção primária, em especial a Estratégia Saúde da Família que consegue chegar às pessoas mais vulneráveis. A forma mais eficaz para  se reduzir a mortalidade materna e de se evitar possíveis complicações é garantir o acesso universal a serviços de saúde com qualidade à todas as gestantes e mães. “Sabemos que esse é um desafio a ser enfrentado por todos, com a união de esforços de  gestores públicos e sociedade, apoiando e assistindo essas mães e suas famílias”, afirma.

 

Segundo a enfermeira obstetra e gerente de enfermagem da Casa Angela – Centro de Parto Humanizado, Ioná Araújo de Souza, a mortalidade materna é definida pela OMS como a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, sem estar relacionada à causas acidentais ou incidentais. “São causas de morte normalmente evitáveis se a mulher realiza o pré-natal e possui assistência obstétrica adequada no parto e pós-parto. Abordar esse tema nos leva não só enquanto profissionais, mas também como sociedade, a parar e questionar, por que, com toda a tecnologia disponível, ainda ocorrem mortes de mulheres por falta de assistência qualificada e em nível de saúde pública. É preciso lançar esforços e planejamento para a mitigação dessa tragédia evitável que causa a desestruturação de toda a família e, principalmente, dos filhos”, ressalta.

 

A gerente de enfermagem conta que os principais indicadores de acompanhamento para mortalidade são: Morte Materna (MM) – Morte durante a gestação ou até 42 dias após o término, devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez, sem causas acidentais ou incidentais. Quando em decorrência a doenças da gestação, parto ou pós-parto é classificada como direta. Caso for resultante de doenças pré-gestacionais ou que desenvolveram durante a gestação, que foram agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez, é considerada indireta; Neas Miss Materna (NMM) – Quando a mulher quase chegou a óbito, mas, sobrevive a uma complicação grave ocorrida durante a gravidez, parto ou até 42 dias após o término da gestação; Razão de Near Miss (RNM) – Número de casos near miss (quase morte da mãe no momento do parto) por mil nascidos vivos. Estima o volume de cuidado e recursos necessários em um serviço.

 

Dados do Ministério da Saúde, mapeados pelo Observatório Obstétrico Brasileiro, revelam que em 2021, a razão de mortalidade materna no Brasil alcançou 107.53 mortes a cada 100 mil nascidos vivos. De acordo com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), a meta 3.1 visa reduzir a razão de mortalidade materna do Brasil para no máximo 30 mortes por 100 mil nascidos vivos até 2030. “Para atingir esse propósito, há estratégias a serem adotadas, como a importância de todas as mulheres independente da cor, classe social e escolhas, terem acesso ao profissional de saúde e serviço de saúde quando em situação de vulnerabilidade (gestação não intencional, desejo de realização de aborto, insegurança alimentar, violência doméstica, entre outros); dar acesso e promover o planejamento sexual e reprodutivo de todas as mulheres; capacitar profissionais para a condução assertiva das comorbidades associadas à gestação e estímulo pela via de parto normal, quando for a melhor opção; capacitar profissionais e oferecer condições laborais para a condução do trabalho de parto e parto de acordo com as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal; Inserção de profissionais obstetrizes e enfermeiras obstetras na atenção ao parto em centros de referências, com a intenção de promover o parto normal fisiológico e evitar cesárias desnecessárias; além da abertura de Casas de Parto que funcionem como fator protetivo para mulheres e bebês em gestação de baixo risco, promovendo autonomia da mulher, com baixos índices de cesárea, infecções e mortalidade materna e neonatal”, pontua.

 

Conforme a enfermeira obstetra, as doenças que possuem maior associação com maus desfechos maternos são a pré-eclâmpsia e complicações – diabetes, obesidade e outras enfermidades crônicas prévias mal controladas durante o período. “Também há exposição às complicações do parto, hemorragias pós-parto graves e infecções puerperais, que podem levar as mulheres ao óbito”, explica.

 

Dada a relevância, dos cuidados nos Primeiros Mil Dias de Vida, que engloba a gestação, o nascimento e os dois primeiros anos de vida, este é um tema prioritário para o Instituto Opy. A saúde da criança começa com os cuidados com a saúde física e mental da gestante, com um pré-natal de qualidade e a garantia de uma boa assistência no nascimento. “Para contribuir com esse tema, fazemos incidência política para aprimoramento das leis e para garantir a plena implementação das políticas de saúde. Identificamos também soluções e tecnologias já existentes, que possam contribuir para a melhoria dos serviços de atenção básica”, relata Heloisa.

 

Dentre as ações preventivas está a realização do pré-natal, oportunidade para identificar mudanças importantes no estilo de vida, além de auxiliar no desenvolvimento do autocuidado e na promoção a saúde. “É durante o pré-natal que o profissional orienta sobre as vias de parto, os riscos e benefícios de cada uma das opções, podendo diminuir ou controlar agravos de saúde”, alerta Ioná.

 

Casa Angela é liderada por uma equipe de enfermeiras obstetras e obstetrizes e atende entre 35 e 40 partos naturais por mês. Em 2022, 383 partos foram realizamos e neste ano estima-se que mais de 420 partos sejam concretizados. Além da assistência durante a gestação e o parto, o Centro de Parto Humanizado realiza o acompanhamento até os oito meses de vida da criança, com orientações sobre desenvolvimento infantil, aspectos motores, intelectuais e sociais, além de introdução alimentar, importância da amamentação, afeto, cultura de paz e respeitos às crianças.

 

 

SOBRE INSTITUTO OPY

O Instituto Opy de Saúde, criado pela Opy Health, gestora de infraestrutura hospitalar, é um articulador, fomentador de ideias, projetos e ações de grande impacto social na promoção da saúde. Sua atuação é focada nos cuidados dos Primeiros Mil Dias de Vida da Criança e na redução de fatores de risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis.

SOBRE CASA ANGELA

A Casa Angela é um Centro de Parto Humanizado, também chamado de Casa de Parto, que oferece assistência humanizada ao parto natural, em ambiente seguro, acolhedor e respeitoso. Localizada na zona Sul de São Paulo, atende gratuitamente usuárias do SUS da região, seguindo todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde e está alinhada a estratégias globais e políticas públicas federais que visam diminuir as altas taxas de mortalidade materna e neonatal.

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