*John Duda
Com essa força cooperativa, é um erro de pensar que a economia italiana está bem. A crise financeira européia persiste e o desemprego preocupa. No entanto, o desemprego na região de Emilia Romagna está sempre muito menor do que no resto do país. Devemos prestar mais atenção às lições que a Itália nos ensina. As cooperativas podem ser ótimos caminhos viáveis ao desenvolvimento socioeconômico.*John Duda é norte-americano; possui graduação em Linguística, mestrado em Lógica e doutorado em História; é diretor de comunicação da organização social Democracy Collaborative, com sede na cidade de Cleveland (Ohio), EUA.
Imagine um dia qualquer. Você acorda e se dirige à empresa moderna que pertence a você e seus colegas. Lá, em conjunto, vocês gerenciam e trabalham sem ter empregados. Na hora do almoço, você vai a um restaurante de propriedade dos funcionários que nele trabalham. O restaurante faz parte de uma grande rede. De volta ao trabalho, você se reúne com uma empresa agrícola que vai adotar um novo processamento de alimentos, visando melhorar as exportações. No final do dia, você se encontra com um parceiro que faz parte de uma instituição social de propriedade coletiva que cuida de idosos. Então, juntos, vocês abrem uma garrafa de vinho elaborado por uma vinícola de produtores de uva.
Isso é possível se você está na região chamada Emília Romagna, capital Bolonha, no Norte da Itália. A região tem 4,5 milhões de habitantes e uma economia fortemente cooperativa. Lá, dois em cada três habitantes são membros de cooperativas. Em conjunto, as cooperativas produzem um terço do PIB da região.
Empreender através de cooperativas é uma maneira clara e democrática de conduzir atividades econômicas. Sem dúvida, ao constituir cooperativas – alheias ao capitalismo – há muito espaço para falhar. Mas há muito espaço para fazer bem melhor. Nos Estados Unidos, o número de membros de cooperativas de produtores e de consumidores atinge 130 milhões. Mas apenas 7 mil fazem parte de cooperativas de trabalhadores. Percebe-se que existe muito espaço para aproveitar.
Na região de Emília Romagna, o cooperativismo foi estimulado pela tradição agrícola e pela cultura humanística. O movimento cooperativo não criou grandes corporações, mas gerou grandes redes que se parecem mais a ecossistemas. E com vantagens importantes, como: flexibilidade nas atividades, diversidade nas especializações, trabalho reunido em grande em escala, centralização sem excesso.
A quantidade de cooperativas de trabalhadores e de consumidores é ampla na região. No país, a Coop é a maior rede de varejo do segmento supermercados. Ela detém 7,4 milhões de consumidores. Há leis facilitam investimentos dos associados nas cooperativas.
Por certo, cooperativas não devem competir com empresas tradicionais e abandonar sua missão social. Por isto, na Itália, as cooperativas sociais estão aumentando suas atividades. Elas prestam serviços sociais de forma muito eficaz. Na cidade de Bolonha, 85% dos serviços sociais são prestados através de cooperativas sociais. Essas cooperativas se tornam instituições comunitárias que humanizam os serviços sociais de forma notável.
Com essa força cooperativa, é um erro de pensar que a economia italiana está bem. A crise financeira européia persiste e o desemprego preocupa. No entanto, o desemprego na região de Emilia Romagna está sempre muito menor do que no resto do país. Devemos prestar mais atenção às lições que a Itália nos ensina. As cooperativas podem ser ótimos caminhos viáveis ao desenvolvimento socioeconômico.*John Duda é norte-americano; possui graduação em Linguística, mestrado em Lógica e doutorado em História; é diretor de comunicação da organização social Democracy Collaborative, com sede na cidade de Cleveland (Ohio), EUA.
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