Sem Papai Noel: conheça países em que o personagem natalino é 'proibido'


Professor de História Mário Marcondes, da Plataforma Professor Ferretto, conta o que está por trás do veto ao 'bom velhinho' em algumas localidades ao longo dos anos

Crédito: Canva

São Paulo, dezembro de 2025 – Poucas figuras são tão imediatamente reconhecíveis quanto o Papai Noel. Símbolo de generosidade, celebração e espírito natalino, o bom velhinho atravessou fronteiras e gerações. Nem sempre, porém, foi recebido de braços abertos. Ao longo da história, sua imagem já enfrentou resistência e até proibições, motivadas por razões políticas, religiosas e culturais.

Para Mário Marcondes, professor de história da Plataforma Professor Ferretto, o personagem carrega significados que vão além da aparência festiva. “Embora hoje esteja fortemente associado ao comércio e às tradições do Natal ocidental, o Papai Noel reúne simbolismos que, em determinados contextos, entram em choque com valores ou ideologias dominantes. Em períodos de maior controle cultural e político, isso acabou levando algumas sociedades a vetarem sua presença”, afirma.

Um dos episódios mais emblemáticos ocorreu na antiga União Soviética. Durante parte do regime comunista, celebrações religiosas foram desencorajadas, já que o cristianismo era visto como incompatível com a ideologia marxista. Nesse cenário, o Natal perdeu espaço e figuras como Ded Moroz, o Avô Gelo, foram promovidas como alternativas seculares ao Papai Noel.

Esse tipo de resistência não se restringe ao passado. Em países como a Arábia Saudita, o rigor religioso influencia diretamente a forma como o Natal é tratado. Como a data não integra as tradições islâmicas, a celebração é desestimulada e o bom velhinho passa a ser visto como um símbolo de influência cultural ocidental. Situação semelhante ocorre em alguns países asiáticos, como a Coreia do Norte, onde a presença do Papai Noel é limitada por razões políticas ligadas à restrição de símbolos externos e à preservação de valores locais.

Sobre esse movimento, Marcondes destaca que a rejeição nem sempre está ligada à figura em si. “Por mais inofensivo que pareça, o Papai Noel pode ser interpretado como um embaixador de valores culturais estrangeiros. Isso desperta tensões em contextos de resistência à globalização ou à influência do Ocidente”, explica.

Além das questões ideológicas e religiosas, o Papai Noel também enfrenta desafios culturais. Em algumas regiões da Europa, tradições locais seguem mais fortes do que o imaginário globalizado do bom velhinho. Personagens folclóricos como São Nicolau ou figuras como Krampus continuam centrais nas celebrações, o que limita a adoção do modelo mais popularizado do Natal.

Esse cenário revela como símbolos globais se adaptam ou encontram resistência ao chegar a diferentes culturas. “A imagem do Papai Noel, muitas vezes tratada como universal, é constantemente ressignificada pelas sociedades que a recebem ou optam por rejeitá-la”, conclui.

A diversidade de interpretações ajuda a explicar por que o Natal assume formas tão distintas ao redor do mundo, mesmo em um contexto cada vez mais globalizado.

Sobre a Plataforma Professor Ferretto
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Mateus Decker
Assessor de Imprensa

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