Jardins adaptados ao verão: como manter suas plantas exuberantes nos meses mais quentes

 Valter Casarin, coordenador geral e científico da Nutrientes Para a Vida é graduado em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP, Jaboticabal, em 1986 e em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/USP, Piracicaba, em 1994. Concluiu o mestrado em Solos e Nutrição de Plantas, em 1994, na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". Recebeu o título de Doutor em Ciência do Solo pela École Supérieure Agronomique de Montpellier, França, em 1999. Atualmente é professor do Programa SolloAgro, ESALQ/USP e Sócio-Diretor da Fertilità Consultoria Agronômica.



Os dias quentes da primavera e do verão já dão sinais de que vieram para ficar. Com temperaturas em alta e longos períodos de seca, jardins e plantas de interior precisam de atenção redobrada para atravessar a estação sem perder o vigor. Para ajudar nesse desafio, a Nutrientes Para a Vida (NPV) reúne orientações práticas, e surpreendentemente simples, para manter a beleza verde em meio ao calor intenso.

Quando o sol aperta, a primeira reação costuma ser regar mais. Mas, no jardim, excesso de água pode ser tão prejudicial quanto falta. Cada espécie tem sua necessidade específica: enquanto um tomateiro aprecia solo constantemente úmido, uma roseira lida melhor com períodos de seca entre as regas. Água demais sufoca as raízes, favorecendo fungos e apodrecimento.

Uma forma elegante e eficiente de preservar a umidade é apostar na cobertura morta. Casca de madeira, folhas secas, palha ou composto orgânico formam uma camada protetora sobre o solo, reduzindo a evaporação e mantendo a temperatura amena. O efeito é duplamente benéfico: o solo fica mais estável e as plantas ganham resistência contra estresse térmico.

Para quem busca ainda mais proteção, vale investir nas plantas de subcobertura, como ervas aromáticas ou flores rasteiras. Além do charme extra no jardim, elas ajudam a sombrear o solo, diminuem a perda de água e até servem como indicadoras de sede, murchando antes da planta principal.

Gramados tendem a sofrer rapidamente com o calor. Se houver sistema de irrigação, o melhor horário para acioná-lo é no início da manhã ou no começo da noite, quando o sol não interfere na absorção da água.

Já as plantas em vasos podem ter uma sobrevida mais tranquila quando deslocadas para a sombra durante os dias mais quentes. Em ambientes internos, luz indireta é suficiente para mantê-las ativas e belas sem risco de queimaduras. É um recurso simples que reduz drasticamente a necessidade hídrica.

Transplantes, porém, devem ser evitados no auge do verão. Mudas jovens ainda não têm raízes robustas o suficiente para enfrentar calor extremo, e qualquer estresse pode comprometer seu desenvolvimento.

Grandes árvores são o sonho de qualquer jardim. Criam ambientes frescos e agradáveis, reduzem a sensação térmica e oferecem sombras perfeitas para descansar. No entanto, sua copa densa pode impedir que a água da chuva chegue às plantas logo abaixo. Em períodos secos, elas precisam de irrigação complementar, mesmo parecendo protegidas.

E tudo começa com um solo bem estruturado, com boa matéria orgânica e vida microbiana ativa, funciona como um reservatório eficiente, capaz de reter água e liberar nutrientes na medida certa. Em vasos ou canteiros, a regra é a mesma: solo saudável, plantas saudáveis.

Se a ideia é colocar alguma espécie sob sol pleno, a aclimatação deve ser gradual. Expor a planta diretamente no sol forte pode causar queimaduras e desidratação severa. Da mesma forma, regar sob luz solar direta é um convite ao desastre: as gotas d’água funcionam como pequenas lentes, concentrando os raios e marcando as folhas. Pela manhã, bem cedo, é sempre o melhor momento para regar.

Plantas recém-plantadas também merecem atenção especial. Apesar de terem começado a desenvolver raízes na primavera, ainda demandam mais água no primeiro ano. A dica é regar de forma profunda, e não superficial, para estimular raízes fortes e profundas.

Paredes, pisos e vasos podem agir como acumuladores de calor - e muito! Superfícies de pedra ou cerâmica aquecidas pelo sol criam um microclima que resseca o solo ao redor e aumenta o estresse das plantas. Por isso, pensar nos materiais é tão importante quanto escolher as espécies. A estética importa, claro, mas não deve comprometer o conforto térmico dos vegetais.

Por fim, um cuidado que muitas vezes passa despercebido: a nutrição. Com o tempo, as plantas consomem os nutrientes disponíveis no solo, especialmente aquelas em vasos e ambientes internos. Para manter folhas vistosas e raízes ativas, é fundamental utilizar fertilizantes equilibrados ao longo do ano. É esse aporte que garante que a planta continue crescendo e brilhando, mesmo sob sol forte.

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