Doenças precoces em adultos jovens acendem alerta e reforçam a importância da prevenção desde a infância

foto/divulgação/agência


Pediatra Gabriela Marcatto explica como alimentação ultraprocessada, sono irregular e estresse contribuíram para o adoecimento da geração atual e defende mudanças urgentes para proteger as crianças

 Adultos jovens estão desenvolvendo doenças crônicas e inflamatórias em frequências antes observadas apenas em faixas etárias mais avançadas. Alterações metabólicas, problemas digestivos, distúrbios hormonais e até câncer de início precoce aparecem com maior incidência entre pessoas que hoje estão na casa dos 30 e 40 anos.

A pediatra Gabriela Marcatto explica que esse cenário não é fruto do acaso. Ele reflete mudanças profundas que ocorreram nas últimas gerações, especialmente a partir da popularização dos alimentos ultraprocessados e do aumento de hábitos associados à vida moderna. “A nossa geração cresceu com produtos industrializados ocupando grande parte da alimentação. Só anos depois entendemos o impacto real disso no metabolismo, na microbiota e na inflamação do organismo. Agora temos consciência para oferecer algo diferente aos nossos filhos”, afirma a médica.

A substituição de refeições naturais por produtos prontos, embalados e ricos em aditivos tornou-se comum nas últimas décadas, e o corpo sente as consequências. Em crianças, esse padrão alimentar está relacionado a aumento de peso, desregulação intestinal, alterações hormonais e maior tendência a doenças inflamatórias.

Segundo Gabriela, os ultraprocessados reduzem a qualidade nutricional da dieta e afetam diretamente o intestino, que é um dos grandes reguladores do sistema imunológico. “Quando a infância é marcada por esse consumo, a base da saúde adulta já começa fragilizada”, explica a médica.

Alerta

A microbiota intestinal das crianças tem sido profundamente impactada pelas mudanças alimentares modernas. Uma dieta rica em açúcar, gordura e aditivos reduz a diversidade das bactérias benéficas e isso pode influenciar desde a imunidade até o risco de doenças futuras. “A infância é a fase mais importante para o desenvolvimento da microbiota. Se oferecemos alimentos naturais, fibras, leguminosas e frutas, damos ao corpo ferramentas para se proteger. Mas se baseamos a alimentação em produtos prontos, criamos um terreno de inflamação crônica”, ressalta.

Além da dieta, o estilo de vida dos millennials, e agora de seus filhos, inclui outros fatores que influenciam diretamente a saúde: noites mal dormidas, longas horas diante das telas, rotina estressante e redução das brincadeiras ao ar livre. Esses hábitos, segundo a pediatra, contribuem para alterações hormonais e imunológicas que podem se acumular ao longo dos anos. “Tudo isso forma um conjunto. Não existe um único culpado, mas sim uma soma de fatores que precisamos enxergar com seriedade”, diz.

Dezembro é momento de mudança

O fim do ano, período marcado por confraternizações e revisão de hábitos, é uma oportunidade para estabelecer novas metas familiares de cuidado com a saúde. “Nós, adultos jovens, já sentimos as consequências de um estilo de vida acelerado e alimentação pouco saudável. E justamente por isso, temos a chance de mudar o desfecho dos nossos filhos. Em vez de repetir erros, podemos criar uma geração mais consciente e protegida”, afirma Gabriela.

A pediatra reforça que não se trata de proibições, mas de equilíbrio. “Priorizar alimentos naturais, estimular brincadeiras ao ar livre, manter rotinas de sono e observar criticamente o consumo de industrializados já são medidas poderosas”. Para Gabriela, a prevenção verdadeira começa na infância, mas requer o engajamento de escolas, profissionais de saúde e famílias. “Estamos diante de uma oportunidade histórica: aprender com os desafios da nossa geração e agir para que nossos filhos tenham um futuro mais saudável. É um compromisso coletivo”, afirma.

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Sobre a Dra. Gabriela Marcatto (foto)
Médica formada pela Universidade Brasil, com residência em Pediatria pela Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), possui título de especialista concedido pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Atua também como preceptora dos alunos do 5º e 6º anos do curso de medicina da Faceres. Atende crianças e adolescentes na clínica Amorir, localizada no Georgina Business Park, em São José do Rio Preto, em um ambiente pensado para acolher famílias com cuidado, escuta e atenção integral à saúde infantil.

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