Conviver com o rodízio


*José Renato Nalini

Quem não poupa água terá de conviver com o rodízio, que é uma experiência ainda não experimentada por muitos jovens. A água é bem finito. Sua utilização atende à vocação do infinito. O aquecimento global influencia o regime das chuvas. Não é porque um dia amanheça chovendo, que as médias pluviais se equilibrem. Quem acompanha o nível das quedas durante anos, verificará que tem chovido cada vez menos em São Paulo e no Brasil.

Isso faz com que as reservas se debilitem. Houve grave crise hídrica em São Paulo entre 2013 e 2015. Não brota água naturalmente em todos os lugares. Ao contrário: o adensamento populacional, a verticalização na construção insensata, que impermeabiliza todas as cidades, faz com que a água se torne um bem escasso.

Já se anunciou que haverá redução de dezesseis horas na pressão nos encanamentos de distribuição e que, se isso não for suficiente, o rodízio virá. Estabeleceu-se um rol de sete faixas de restrição, cuja implementação dependerá de eventuais chuvas, mas, principalmente, da conduta da população. Na faixa 7, a mais grave, impor-se-á o rodízio. E isso representará a necessidade de recorrer a caminhões-pipa, como acontece nos desertos e em regiões áridas e paupérrimas do mundo todo.

O interior paulista não está em situação mais confortável. Bauru, Americana, Várzea Paulista, são as cidades mais citadas diante da gravidade da falta d’água. Mas também se fala em outras regiões, pois a carência é generalizada.

O mais importante é que todos sabem o que deve ser feito para obter mais água: plantar árvores, recompor áreas degradadas, restaurar a mata ciliar, redescobrir nascentes, não desperdiçar. É lamentável que canalização velha e mal conservada seja responsável pela perda de até 40% da água tratada em São Paulo.

O povo deve saber disso e ser cobrado para se comportar de maneira responsável e civilizada, pois sem água não se vive, como venho a repetir qual mantra, até que alguém ouça e se converta.

*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.


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