Vitimado por uma cirrose medicamentosa, o professor Ricardo Ramir compartilha sua jornada de recuperação no Hospital do Pênfigo e enaltece a logística do SUS

A história do professor Ricardo Ramir Gonçalves, o primeiro cassilandense a passar por um transplante de fígado, traz lições fundamentais sobre prevenção, a complexidade da medicina moderna e a importância do Sistema Único de Saúde, o SUS. O professor compartilhou sua história nesta sexta-feira, 19 de dezembro, no Programa Rotativa no Ar, da Rádio Patriarca.
O professor Ricardo Ramir Gonçalves, que leciona na Escola Estadual São José e também em Itajá/GO, tornou-se um marco para a saúde de Cassilândia ao ser o primeiro cidadão do município a realizar um transplante de fígado. Internado há dois meses para o procedimento e recuperação, o professor aproveitou o espaço na Rádio Patriarca para desmistificar as causas da cirrose e alertar sobre hábitos cotidianos que podem ser fatais.
A causa: O fígado "paga a conta" da automedicação
Diferente do senso comum, que associa a cirrose exclusivamente ao álcool, o caso de Ricardo foi diagnosticado como cirrose hepática medicamentosa. O professor relatou que nunca consumiu bebidas alcoólicas ou substâncias ilícitas, nem teve hepatite. A falência do órgão foi resultado de três fatores combinados, intensificados durante a pandemia:
- Uso excessivo de analgésicos: O consumo frequente de dipirona e outros remédios para tratar dores de cabeça crônicas.
- Sedentarismo: A falta total de atividades físicas,.
- Má alimentação: Hábitos alimentares desregulados.
Há dois anos, a situação se agravou com hemorragias causadas por varizes esofágicas, culminando na necessidade urgente do transplante no dia 7 de outubro, quando o fígado já não funcionava mais.
Logística de guerra e a eficiência do SUS
O transplante foi realizado integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e envolveu uma operação logística impressionante. O órgão doado veio de Porto Velho (Rondônia), transportado pela Força Aérea Brasileira (FAB) até Campo Grande.
O procedimento ocorreu no Hospital Adventista do Pênfigo, uma instituição filantrópica que atende pelo SUS e é referência no estado. A equipe médica foi liderada pelo Dr. Gustavo Rapassi. Ricardo destacou que, desde o transporte do órgão até o atendimento pós-operatório, o sistema se mostrou "extremamente eficiente" e "humanizado", acolhendo o paciente desde a portaria até a alta complexidade cirúrgica.
Recuperação e apelo à doação
O professor permaneceu internado para tratar uma debilidade causada por um vírus que o atingiu enquanto estava com a imunidade baixa. Hoje, sexta-feira, após ter sido transmitida a entrevista no Programa Rotativa no Ar, o professor confirmou ao Cassilândia Notícias que havia acabado de ter alta no início da tarde, realizando a expectativa de alta a tempo de passar o Natal com a família. Ele finalizou sua participação reforçando a necessidade de as pessoas se declararem doadoras de órgãos para seus familiares, lembrando que esse gesto salva vidas e permite que histórias como a dele tenham um recomeço.
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