Ainda é muito pouco


            *José Renato Nalini

            A construção civil está a dever atitudes mais corajosas para ajudar a reduzir a emissão dos gases venenosos causadores do efeito estufa. A fabricação de cimento, ferro e aço, é uma atividade altamente poluidora. Assim, a poderosa indústria da construção civil deveria partir para soluções de acordo com a natureza, utilizando-se de mais madeira, por exemplo.

            Além disso, deveria incentivar os engenheiros e arquitetos a produzirem projetos menos agressivos. Imensas massas de concreto, verdadeiras panelas de pressão, que precisam de ar condicionado e gastam muita energia não atendem à urgência que o mundo tem de controlar o aquecimento global.

            Além disso, a construção civil parece desperdiçar 35% de seu material durante o processo de edificação. Em todas as cidades há um descarte clandestino de dejetos que são arremessados em represas, córregos ou áreas de preservação permanente.

            O boom imobiliário deveria ser um estímulo a que essa indústria adotasse estratégias de realmente contribuir para a descarbonização, como o uso de caroço do açaí como fonte de energia para a produção de cimento. O melhor seria não usar tanto cimento. Mas na inviabilidade, pelo menos que se use o caroço descartado para abastecer os fornos industriais como substituto do carvão mineral e do petróleo. Estes dois, os combustíveis mais poluentes ainda usados por vários setores.

            O governo brasileiro demora para regulamentar o mercado de carbono, falha na fiscalização das empresas que poluem, não incentiva o proprietário a manter área com cobertura vegetal. Parece não enxergar a gravidade da crise. Por isso, é urgente que a sociedade civil cobre das empresas um comportamento responsável, que ainda não existe, ao menos na escala necessária.

            No mais, o mercado internacional pode colaborar, deixando de adquirir produtos que não sejam fabricados de forma eficiente e menos poluente. Sancionar os infratores é também uma excelente tática. Infelizmente, pouco utilizada no Brasil, onde a inércia é que parece imperar.

 

*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.   

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