*José Renato Nalini
Quando o Instituto de Engenharia
alerta que a represa Guarapiranga, a única abastecida por nascentes
paulistanas, está correndo sério risco de se exaurir, é urgente um despertar de
toda a comunidade. O Instituto de Engenharia realizou um evento,
emblematicamente chamado “Sem água não há vida”, para debater a questão que é a
mais premente para os mais de doze milhões de paulistanos.
Todos sabemos que a receita para
recuperar os córregos, as nascentes e requalificar a água que bebemos é
devolver à natureza as árvores que dela fomos subtraindo no decorrer dos
séculos. Infelizmente, a população ainda não compreendeu que a melhor amiga da
vida é a árvore. Ela é polivalente: presta serviços ecossistêmicos e gratuitos.
A ecotranspiração garante o sequestro de carbono e a renovação do oxigênio.
Regiões arborizadas chegam a registrar até dez graus Celsius menos do que as
regiões áridas.
As árvores têm de estar num solo
drenante. Isso faz com que o regime de chuvas se reequilibre. Não mais as
tempestades violentas, causadoras de enchentes, inundações e desabamentos, mas
a chuva boa, aquela que ameniza o calor e faz a atmosfera mais saudável. Além
disso, o local que abriga uma árvore é um ponto de escoamento da água da chuva,
reabastecendo o lençol freático. Árvores são refúgio da vida silvestre, dão
sombra e beleza, são tudo o que há de bom para preservar os viventes neste
planeta. O município de São Paulo plantou mais de 120 mil árvores em 2025.
Para combater a escassez hídrica, é
urgente refrear a desenfreada ocupação da região dos mananciais, saqueada por
construções que não podem invadir um espaço do qual dependem milhões de
paulistanos. A moradia é importante, mas não se sobrepõe à própria vida, o
primeiro dos direitos individuais explicitados no artigo 5º da Constituição da
República.
São Paulo precisa hoje de muito
juízo, muita ação emergencial e conscientização de toda a comunidade. Pode-se
viver sem petróleo. Sem água não. O que fazer sem água? É uma tragédia que
todos podemos evitar.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

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