*Roger Ferrari
Afirmar que vivemos em uma era tecnológica e gozamos de seus avanços até mesmo sem perceber, não é novidade para ninguém. No entanto, se observarmos os fatos e analisarmos as realidades do mundo contemporâneo, teremos uma pequena dimensão de como vivemos de maneira muito diferente de como vivíamos há algumas décadas. E realmente, é nítido que muita coisa mudou e ainda está mudando.
Termos como “IA” e aplicativos de assistência virtual já fazem parte do vocabulário e do cotidiano da vida de milhares de pessoas. É a vida real que se entrelaça com o digital de maneira tão perspicaz que não conseguimos mais viver separadamente em um único ambiente. Gerações que se entrelaçam e, cada qual com sua facilidade de manuseio e entendimento, lança mão desses meios para estar inserida no século XXI.
Papa Leão XIV recentemente afirmou, em sua mensagem por ocasião da Cúpula da Inteligência Artificial para o Bem 2025, em Genebra, na Suíça, que as novas tecnologias não podem substituir “o discernimento moral” nem a riqueza das relações humanas. O Sumo Pontífice também afirmou que o impacto dessa revolução é de longo alcance e tem muito a transformar áreas como educação, trabalho, arte, saúde, governança, forças armadas e comunicação; porém, deve construir pontes de diálogo, promover a fraternidade, e assegurar que a IA sirva aos interesses da humanidade.
Em outro momento, na Sala Paulo VI, no Vaticano, Leão XIV convidou os fiéis a “humanizar o ambiente digital”, destacando que a inteligência artificial também é uma grande novidade do nosso tempo: “Porém, não basta ser “inteligente” na realidade virtual, é necessária a humanidade no trato com os outros, cultivando uma inteligência emocional, espiritual, social e ecológica", frisou o Papa. Faço oportuno evidenciar o seguinte trecho retirado desta ocasião: “Eduquem-se de modo a humanizar o digital, construindo-o como um espaço de fraternidade e criatividade, não como uma prisão onde vocês se fecham, nem como uma dependência ou uma fuga. Em vez de turistas da rede, sejam profetas no mundo digital.”
De fato, a Igreja está atenta e instrui seus filhos nesta era digital. E, a este respeito, a Providência Divina nos presenteia com um exemplo muito atual de santidade: São Carlo Acutis, um jovem de apenas 15 anos, canonizado recentemente na praça de São Pedro. Ele não se tornou escravo da rede, mas a utilizou com habilidade para o bem. São Carlo uniu a fé à paixão pela informática, criou um site sobre milagres eucarísticos e, assim, usou a internet como um instrumento para evangelizar. Com sua iniciativa, nos ensina que o digital é educativo quando não nos fecha em nós mesmos, mas nos abre aos outros.
*Roger Ferrari é missionário da Comunidade Canção Nova.
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