Mesmo diante das incertezas econômicas, as percepções de confiança e consumo apresentaram leve avanço em outubro
A desaceleração da economia e as proximidades da Black Friday e do Natal incentivaram o consumo das famílias paulistas em outubro. De acordo, com Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que reflete percepções sobre o ambiente econômico e as expectativas de longo prazo, avançou 3,1% em relação a setembro, registrando 113,6 pontos [gráfico 1]. A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que mede o humor e a propensão imediata ao consumo, sinalizou leve melhoria, com alta de 1,1% em outubro, alcançando 107 pontos [gráfico 2].
[GRÁFICO 1]
Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
Série histórica — 13 meses
Fonte: FecomercioSP
Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
Série histórica — 13 meses
Fonte: FecomercioSP
[GRÁFICO 2]
Intenção de Consumo das Famílias (ICF)
Série Histórica — 13 meses
Fonte: FecomercioSP

Intenção de Consumo das Famílias (ICF)
Série Histórica — 13 meses
Fonte: FecomercioSP
Segundo a FecomercioSP, os resultados dos índices indicam que o atual cenário das famílias brasileiras é de otimismo pontual, impulsionado pela sazonalidade das datas comemorativas e a injeção de recursos do décimo terceiro salário, que reforçam o consumo de bens de menor valor e o pagamento de dívidas. No entanto, o comportamento ainda é marcado por cautela estrutural, em razão dos juros elevados, da renda mais contida e do crédito restrito.
Momento atual melhora, mas perspectivas econômicas ainda preocupam
Apesar do leve avanço do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em outubro, o indicador permanece abaixo do nível registrado no mesmo período do ano passado, com queda de 6,1% — a 15ª retração interanual consecutiva. O resultado reflete a percepção de que a recuperação econômica segue frágil e desigual entre as diferentes faixas de renda.
Os componentes do ICC mostram avanço na avaliação dos lares sobre o momento atual: o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) apresentou alta de 3,5%, chegando a 109,5 pontos, enquanto o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) cresceu 2,9%, indicando um otimismo moderado em relação aos próximos meses. Ainda assim, na comparação anual, os dois indicadores registram retrações de 3,5% e 7,6%, respectivamente, evidenciando um quadro de cautela e endividamento elevado [gráfico 3].
[GRÁFICO 3]
Subíndices do Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
Série histórica — 13 meses
Fonte: FecomercioSP

Subíndices do Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
Série histórica — 13 meses
Fonte: FecomercioSP
Esse movimento é motivado pela desaceleração da inflação, pela redução do desemprego e pela proximidade de datas sazonais, além da injeção do décimo terceiro salário, que contribui para aumentar a liquidez das famílias, permitindo quitar dívidas, consumir ou formar reserva financeira.
Indicadores permanecem na zona de pessimismo
Indicadores permanecem na zona de pessimismo
Os resultados do Índice de Confiança do Consumidor (ICF) apontam que o consumidor ainda evita assumir compromissos de longo prazo, especialmente na compra de bens duráveis. A inflação persistente e a conjuntura internacional adversa continuam limitando o ímpeto de consumo e o acesso ao crédito.
Três dos sete componentes do índice permanecem na zona de pessimismo: Momento para Duráveis (70,6), Nível de Consumo Atual (83,9 pontos) e Perspectiva de Consumo (98,2 pontos). Na comparação anual, Momento para Duráveis (-9,1%) e Renda Atual (-3,2%) sofreram quedas, o que indica melhoria pontual na percepção das famílias, mas ainda sem condições sólidas de retomada do consumo [tabela 1].
[TABELA 1]
Índice de Confiança do Consumidor (ICF) — renda, gênero e idade
Fonte: FecomercioSP
Na análise por faixa de renda, as famílias com até dez salários mínimos registraram alta de 1,1%, alcançando 105,1 pontos, e crescimento de 5,1% na comparação anual, estimulado pela desaceleração da inflação. Já entre os lares com renda superior a dez salários mínimos, o indicador subiu 1,2%, para 112,4 pontos, mas apresentou queda de 5,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior — refletindo a maior sensibilidade dessa faixa às condições macroeconômicas, como incertezas fiscais e volatilidade internacional.
De acordo com a FecomercioSP, a manutenção da taxa Selic segue encarecendo o crédito e limitando o consumo de bens duráveis, o que mantém a percepção de dúvida entre os consumidores. Assim, a sustentabilidade do consumo em 2026 dependerá da capacidade do País de retomar o crescimento econômico de forma equilibrada e consistente.
Estratégias para as empresas no fim do ano
O comportamento do consumidor tende a ser mais racional, com foco em produtos essenciais e condições de pagamento facilitadas. Assim, empresas que ampliarem a eficiência logística, oferecerem crédito responsável e investirem em programas de fidelização terão vantagem competitiva. Além disso, promoções personalizadas e incremento na experiência de compra digital devem ganhar destaque no período.
Os resultados dos índices nos últimos meses reforçam que a economia ainda não apresenta bases fortes para uma retomada consistente do consumo. Por isso, o empresariado deve manter atenção às políticas monetária e fiscal. No curto prazo, é estratégico aproveitar o impulso sazonal, enquanto no longo prazo, é essencial posicionar a marca com confiança e estabilidade diante de um cliente mais seletivo e racional.
Nota metodológica
ICC
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
ICF
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP, desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo; e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível — a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos — que seja uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que afetam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.
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