Uma vida fora do script

 Prêmios, reuniões e metas ficaram para trás quando Benjamin Azevedo resolveu trocar a agência por uma cabana nas montanhas


Por anos, Benjamin Azevedo, o Bejinha, brilhou no mercado publicitário brasileiro. Designer, ilustrador e fundador da agência Blackninja, acumulou prêmios em festivais internacionais como Cannes, El Ojo de Iberoamérica e Cristal Festival. Também levou para casa o reconhecimento do Great Place to Work como uma das melhores empresas para se trabalhar no país. Aos olhos de clientes e colegas, o futuro não poderia ser mais promissor.

Mas, entre reuniões, prazos e metas, crescia uma sensação incômoda: a de que o sucesso estava custando caro demais. O tempo com a família era escasso, a vida parecia comprimida em cronogramas e a criatividade, antes motor de sua carreira, dava sinais de exaustão. Foi então que Bejinha decidiu inverter a lógica.

A ruptura foi drástica. Ele fechou a agência, vendeu a casa, tirou os cinco filhos da escola e, junto da esposa, embarcou em um motorhome para cruzar os Estados Unidos. Durante três anos, a família percorreu florestas, desertos e parques nacionais. Entre consertos improvisados e noites frias, descobriram também praias desertas, sequoias milenares e a leveza de aprender sem provas, professores ou pressões externas.

A estrada não foi só cenário, mas espelho. Os filhos reencontraram o prazer de aprender, os conflitos familiares foram encarados sem a válvula de escape da rotina urbana e o próprio Bejinha passou a questionar pilares da sociedade industrial. “O sucesso que eu perseguia não era realização. Estava distante do que realmente importava: tempo com a família, contato com a natureza, espaço para criar”, resume.

Hoje, instalado em uma cabana nas montanhas do norte do estado de Nova Iorque, ele e a família vivem em um ritmo diferente, construído em torno de escolhas mais conscientes e vínculos mais próximos. Para Bejinha, as escolas não existem para ensinar conteúdo, mas para treinar obediência; o modelo de trabalho atual seria uma forma moderna de escravidão em parcelas; e a política, ao depender de uma população domesticada, revela-se limitada diante das alternativas de organização comunitária que já começam a surgir.

É dessa jornada que nasce Desaprendendo Como Viver: Dicas e Anotações Sobre Caminhos Alternativos, livro em que memórias da estrada se misturam a reflexões sobre os modelos de vida “normais” e exercícios práticos para que o leitor também possa repensar suas prioridades. Não se trata de defender que todos vivam em um motorhome, mas de lembrar que os caminhos impostos pela sociedade não são inevitáveis. Há sempre outras formas de escrever a própria história.

Mais informações: 

Site: www.bejinha.com
Instagram@bejinha
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