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Foto Ilustrativa /Reprodução/FreePik |
Os vestidos desta semana lançam as tendências de moda e apresentam as narrativas das marcas, explica Ana França, designer de moda com ênfase no comportamento humano
A Semana de Alta-Costura de Paris, que iniciou na segunda (7) e terminou nesta quinta-feira (10), trouxe à Cidade Luz um desfile de narrativas visuais, onde a moda ultrapassou o vestuário e se consolidou, mais uma vez, como linguagem simbólica.
Ao todo, 27 grifes apresentaram suas coleções outono/inverno 2026, explorando matérias-primas refinadas e o trabalho artesanal que caracteriza a alta-costura.
Para Ana França, artista de moda especializada em alta costura e design emocional, os desfiles deste ano não apenas anteciparam tendências, mas também resgataram questionamentos sobre identidade, sociedade e comportamento.
“Cada vestido apresentou muito mais do que design, eles trouxeram histórias, conflitos e simbolismos que refletem o momento atual e as reflexões de cada marca”, explica Ana França.
Análise dos destaques da Semana de Alto Costura:
1 - Robert Wun: Camadas que revelam e escondem
Foto: Reprodução/Instagram
“A saia cheia de camadas evoca a complexidade emocional do casamento, enquanto o mini-manequim na cabeça sugere a pressão social e os julgamentos externos. Mesmo no momento mais íntimo, a mulher não está livre do olhar do outro”.
“A peça mistura força e fragilidade, unhas pontiagudas, mas cobertas por luvas, e uma estrutura volumosa, mas transparente, convidando o público a olhar além da aparência e refletir sobre as camadas internas da mulher contemporânea”, comenta.
2 - Balenciaga: Rigidez e delicadeza em equilíbrio
Foto: Reprodução/Instagram
Já a Balenciaga trouxe uma noiva coberta por uma estrutura austera e sofisticada. Feito em renda, o vestido equilibra suavidade e rigidez.
“É um vestido que impõe postura e força. A gola alta obriga a manter a cabeça erguida, enquanto a transparência sugere vulnerabilidade. Um jogo de opostos entre desejo e proteção”, analisa Ana França.
A peça, segundo ela, é um exemplo da tradição da Balenciaga em criar silhuetas marcantes que, mesmo minimalistas, carregam poesia e tensão emocional.
3 - Chanel: Leveza que encontra firmeza
Foto: Reprodução/Instagram
A Chanel trouxe uma proposta mais etérea, mas não menos profunda, o vestido apresenta um degradê de texturas que vai de um tecido mais denso no topo até uma saia de tule leve, quase flutuante, mas um elemento inesperado quebra a delicadeza, os sapatos pesados.
“Esse contraste simboliza o equilíbrio entre liberdade e responsabilidade. A leveza da saia sugere libertação, mas o sapato pesado lembra que caminhar com leveza exige estrutura emocional e maturidade”.
“O buquê de trigo dourado completa a narrativa: um símbolo da natureza ressignificado como luxo, colocando nas mãos da noiva, e não no vestido, o verdadeiro foco da cena”, afirma Ana França.
Reflexões além da passarela
Mais do que tendências para o outono/inverno 2026, a Semana de Alta-Costura de Paris reforçou como a moda continua sendo um espaço de reflexão sobre o comportamento humano e os dilemas contemporâneos.
“Esses vestidos falam de quem somos, das pressões que carregamos e da busca por autenticidade em um mundo que nos observa o tempo todo”, conclui Ana França.
Sobre Ana França
Graduada em Designer de Produtos pela UEMG, Especialista em Moda Noiva pelo Instituto Marangoni de Paris. Com formação em Designer Artístico de Moda com Ênfase no Comportamento Humano. Com quase 20 anos de experiência, tem em seu portfólio mais de 600 noivas e dezenas de convidados.(foto/Ana França /IMF Pres Global)
Graduada em Designer de Produtos pela UEMG, Especialista em Moda Noiva pelo Instituto Marangoni de Paris. Com formação em Designer Artístico de Moda com Ênfase no Comportamento Humano. Com quase 20 anos de experiência, tem em seu portfólio mais de 600 noivas e dezenas de convidados.(foto/Ana França /IMF Pres Global)
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