*José Renato Nalini
Aqueles brasileiros que se comovem
com a circunstância pouco explorada de que o Brasil tem mais gado do que gente,
às vezes adotam práticas imunes ao consumo animal. Duas delas são as mais
disseminadas: o veganismo, uma filosofia e estilo de vida que exclui exploração
e sofrimento animal no consumo cotidiano. E o vegetarianismo, que implica na
eliminação de alimentos de origem animal no cardápio.
Existe uma Associação Brasileira de
Veganismo, a congregar aqueles mais conscientes, que não admite pratos, vestimentas,
cosméticos e diversões com base animal e normalmente a juventude, mais sensível
à dramática situação do planeta, é a que assimila essa prática.
A boa notícia é que, além do
comércio vegano, hoje existe promissor horizonte para quem quiser fazer turismo
vegano ou vegetariano. A Sociedade Vegetariana Brasileira realizou uma pesquisa
na qual se apurou existirem mais de catorze milhões de brasileiros convertidos
a essa opção.
A USP divulgou artigo publicado na
Revista “Hospitalidade”, assinado por Romário Loffredo, doutorando em Turismo e
por Bruna Conti, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que
dentre as várias dimensões ponderadas por turistas veganos, a mais comum é a
gastronômica. É uma questão que envolve condições psicológicas de bem-estar
daqueles que se condoem quando se alimentam com produtos causadores de
maus-tratos animais, ou obtidos mediante sacrifício da vida de seres de uma
categoria a que também pertencemos. Afinal, somos também animais, só que nos
consideramos racionais. Algo que é pelo menos controverso, diante de tantas
atitudes inteiramente insensatas e irracionais praticadas pelo bicho-homem.
Hoje existe um turismo vegano e
vegetariano bem acessível e frequentado por muita gente que, depois do
movimento “Segunda sem Carne”, aderiu a formas mais consistentes de poupar os
“irmãos” irracionais. Além de menus regionais, food trucks temáticos e feiras
locais, existe um aspecto não negligenciável de implemento de condutas
sustentáveis e éticas. O setor prima pela redução do desperdício, consumo
consciente e rastreabilidade dos insumos.
Para quem pretende empreender, esse
é um nicho promissor. Quem se emociona com a dor animal é propenso a ser
pacífico, polido e cordial. São virtudes que precisam ser intensificadas numa
nação polarizada e que tem convivido com pregação de ódio e disseminação de ira
e discórdia.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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