Médico e membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) destaca a importância da cultura da doação. Mais de 78 mil pessoas ainda aguardam na fila por um órgão no país.
Em um cenário de avanços na medicina de transplantes, São Paulo se destaca como líder nacional ao realizar 1.557 transplantes de órgãos entre janeiro e agosto de 2025. Os números, divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde, mostram crescimento em praticamente todos os tipos de procedimentos. O rim foi o órgão mais transplantado, com 1.296 cirurgias, seguido pelo fígado (432).
Segundo a Central de Transplantes de São Paulo, da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o início do ano já havia dado sinais positivos. Nos três primeiros meses de 2025, o transplante de pâncreas foi o que mais surpreendeu: passou de 11 para 26 procedimentos em relação ao mesmo período de 2024, um salto de 136%. Outros órgãos também registraram crescimento no trimestre: coração, com alta de 34% (de 32 para 43); rim, com aumento de 16% (de 329 para 406); pulmão, com 12% a mais (de 25 para 28); e fígado, com expansão de 9% (de 127 para 139).
Brasil supera marca histórica
Os números paulistas refletem um movimento nacional positivo. Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o Brasil bateu recorde de transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde em 2024, atingindo um número histórico de mais de 30 mil procedimentos.
Os órgãos mais transplantados no país foram: córnea (17.107), rim (6.320), medula óssea (3.743) e fígado (2.454), segundo dados oficiais. Atualmente, 78 mil pessoas aguardam por doação de órgãos em território nacional, sendo o rim a maior demanda de 2024 (42.838), seguido de córnea (32.349) e fígado (2.387).
Cultura da doação ainda precisa crescer
Para o Dr. Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal e membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), os números de São Paulo representam um avanço importante, mas o cenário nacional ainda exige atenção. "Embora o número de transplantes tenha progredido nos últimos anos, ainda há milhares de pessoas na fila de espera. Isso mostra que precisamos fortalecer a cultura de doação de órgãos no país, conscientizando cada vez mais a população sobre a importância de se tornar um doador”, destaca.
A necessidade de diálogo sobre doação de órgãos nunca foi tão evidente. As campanhas nacionais enfatizam que a decisão de doar deve ser comunicada à família, já que é ela quem autoriza o procedimento no momento do falecimento. "A doação de órgãos é um ato de solidariedade que pode transformar vidas", afirma o especialista.
No que tange a fila de espera, o Dr. Nacif, explica que o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) mantém uma lista única que reúne todos os pacientes brasileiros que aguardam por um órgão, independentemente de estarem em hospitais públicos ou privados. "Muitas pessoas acreditam que existe algum tipo de privilégio nos transplantes, mas a realidade é completamente diferente. A lista única nacional é um dos sistemas mais justos e transparentes que temos na medicina brasileira", explica.
A prioridade não segue apenas a ordem cronológica de inscrição. “Pacientes em estado mais grave podem subir na lista, assim como aqueles com maior compatibilidade com o órgão disponível. O sistema também considera a distância entre doador e receptor, já que alguns órgãos, como o coração, têm poucas horas de viabilidade fora do corpo.”
Doação de órgãos: como funciona e como ser um doador
A doação de órgãos pode acontecer de duas formas: após a morte encefálica ou em vida. No primeiro caso, um único doador pode salvar até dez vidas, doando coração, fígado, rins, pâncreas, pulmões, intestino, córneas e tecidos. Já a doação em vida ocorre em casos específicos, como a doação de órgãos duplos - principalmente rins - ou de parte do fígado e pulmão, além da medula óssea.
O processo de doação após morte encefálica é criterioso. Fatores como idade avançada, histórico de tabagismo, uso de drogas ou consumo excessivo de álcool podem ser limitadores, mas não impedem automaticamente a doação. A decisão final sempre cabe à equipe médica especializada.
"Todo doador em vida passa por uma avaliação completa para garantir que a doação será segura tanto para ele quanto para o receptor", explica o médico transplantador. "No caso da doação após morte encefálica, a avaliação é feita por equipes especializadas, considerando diversos critérios técnicos”, finaliza o Dr. Lucas Nacif.
Saiba mais sobre o Dr. Lucas Nacif: Médico gastroenterologista com especialidade em cirurgia geral e do aparelho digestivo. Lucas Nacif é reconhecido por sua expertise em cirurgias hepato bilio pancreáticas e transplante de fígado, utilizando técnicas avançadas minimamente invasivas por laparoscopia e robótica. O especialista é membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e está disponível para abordar temas relacionados ao aparelho digestivo, desde doenças, como gordura no fígado; câncer colorretal; doenças inflamatórias intestinais; pancreatite até cirurgias e transplantes em geral. Link e www.instagram.com/dr.
Comentários
Postar um comentário