Setembro 2025: lá se foram 9 meses! Como está o Agro brasileiro?

 

Já podemos imaginar como será a “Retrospectiva 2025” para o setor do Agronegócio quando chegar o final deste ano. Isso porque quando uma história é contada, os detalhes devem ser apresentados para maior convencimento e idoneidade e, até agora, o agro brasileiro está em um cenário bastante agitado.  Viveu “dias de cada vez”, no que diz respeito a oscilações de preços, questões ambientais e climáticas, e, especialmente, ao anúncio do tarifaço de Trump, que deixou os exportadores, por exemplo, os de carnes brasileiros (e toda a cadeia direta e indireta) aos EUA apreensiva por tempos, desde abril; paralelo a isso, o agro também vive a certeza, mais uma vez, antes mesmo do terceiro triênio findar, dos números significativos sobre safras.

Então vamos analisar: lá se foram nove meses e como encontra-se o agronegócio brasileiro?        

O setor organizado por pilares gigantes garante, hoje, com a agropecuária, 25% do Produto Interno Bruto (PIB), 50% das exportações e 30% dos postos de serviço em todo o país. E 2025 poderá fechar com a participação de 29,4%. Todo o trabalho desenvolvido e a união de habilidades de órgãos específicos e especialistas tornou o Brasil um dos principais players de alimentos do planeta, reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a alimentação, garantindo assim a seguridade alimentar do mundo.

Em relação às safras, 2025 já está, mais uma vez, como uma das melhores da história do Brasil, repetindo os dois anos anteriores. Já são 340,5 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, um aumento de 16,3% em relação a 2024. As grandes culturas, como soja, milho, arroz em casca e algodão em caroço, representaram 92% da produção nacional de grãos. Isso tudo mostra uma economia que mudou para melhor. Mas se não resolvermos os problemas fiscais, como, por exemplo, rever cargas tributárias crescentes, sobretudo, aquelas oriundas da reforma tributária, prestes a entrar em vigor já no ano 2026, o que trará sérias dificuldades nos próximos tempos, com a redução das margens de preço e lucratividade, que ficarão ainda mais estreitas para o setor, e que, certamente, acarretará uma inflação indesejada aos consumidores.

Essa pujança mantida e adquirida, deve-se também à tecnologia. “Hoje, um grão de soja tem mais tecnologia embarcada do que um smartphone”, como exemplificou um governador de um estado do país. Isso significa que além de termos tratores automatizados, drones agrícolas que pulverizam as áreas específicas e necessárias sem traumatizar as demais, enormes colheitadeiras, temos também sensores de Inteligência das Coisas que medem umidade, temperatura e PH do solo; softwares que cruzam dados climáticos da terra e mercado para prever produtividade e riscos e conectividade rural como 4 e 5G, que levam internet ao campo para integrar máquinas e sistemas. Tudo o que foi citado como tendência no início deste ano, é realidade e veio (e vem) colaborando para que o setor agropecuário brasileiro seja um dos mais tecnológicos do mundo. Isso permite mais qualidade para garantir competitividade nos mercados internacionais e acessibilidade aos brasileiros.

Falta pouco para o ano acabar, e ainda vamos ouvir mais (e muito) sobre o agro brasileiro. Não só porque ele está em tudo o que consumimos e fazemos, mas logo mais, em novembro, no norte do Brasil, teremos a COP 30, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que reúne países, líderes, cientistas, empresas e sociedade civil para discutir e negociar medidas de combate às mudanças climáticas. Dentre tantas questões importantes para o mundo e, consequentemente para o agro, serão abordados a imagem do Brasil tendo o agro como vitrine: quem estiver alinhado à agenda climática terá vantagem competitiva; tecnologia no que diz respeito a investimento em agricultura de precisão, bioinsumos e energia limpa; financiamento verde e a busca de crédito para práticas de baixo carbono e exigências de mercado com exportação atrelada a comprovação ambiental (União Europeia, EUA e Ásia).

Deste encontro e de outras relações, assim como das intempéries climáticas e das ações antrópicas ou não, teremos mais consequências e resultados do setor. Aqui sempre temos, literalmente, que saber quais sementes plantar para saber o que vamos colher.

João Henrique Caparroz Gomes é advogado especialista em Agronegócio e sócio fundador do escritório JHC ADV AGRO

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