Em livro, o enfermeiro e professor universitário Roberto Martins de Souza mostra como a infecção impacta os enfermos para além dos sintomas físicos
A longa experiência do enfermeiro e professor universitário Roberto Martins de Souza em hospitais e postos de saúde levaram o especialista a perceber que as doenças geram não apenas consequências físicas, mas também mentais e sociais. Esse é o caso dos pacientes acometidos por tuberculose, cuja transmissão é um problema de saúde pública há décadas e que atinge dezenas de milhares de pessoas. No Brasil, mais de 84 mil casos novos de tuberculose são notificados por ano, com aproximadamente 6 mil mortes anuais, segundo o Ministério da Saúde.
Em busca de compreender como a infecção bacteriana afeta a sociabilidade e a psique, ele escreveu sua tese de doutorado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), publicada na forma do livro A tuberculose e suas representações na sociedade. Nele, o profissional explora os sentimentos conflituosos das pessoas durante o tratamento e o processo de discriminação enfrentado pelos doentes, além de entender como o modelo atual de assistência médica contribui para a exclusão.
A partir de entrevistas realizadas com os pacientes e de uma pesquisa bibliográfica, Roberto Martins de Souza analisa que a doença contribui para o isolamento, quando os indivíduos experimentam não somente uma sensação de afastamento da vida social, como também uma cisão entre seus corpos e espíritos. De acordo com o pesquisador, se antes os portadores da doença eram internados em sanatórios construídos em cidades isoladas, agora eles continuam enfrentando um processo de marginalização, principalmente, nos ambientes em que circulam.
A descontinuidade vinda à tona com a doença mostra-se particularmente dramática para aqueles por ela acometidos. Os doentes, e em particular os pacientes com tuberculose, experimentam não apenas a sensação de isolamento da vida social, mas, a de cisão entre seus corpos e seus espíritos. O que torna interessante a vida desses indivíduos é o modo como buscam situar-se tanto em relação a um mundo saturado de terríveis fantasias acerca de sua condição, quanto em relação aos processos físicos e mentais instaurados pela doença. (A tuberculose e suas representações na sociedade, p. 124-125).
Rodeada de diferentes opiniões sobre a tuberculose, a pessoa precisa conviver com os preconceitos do seu ciclo e reconfigurar seu modo de viver no mundo após e durante a cura. Essas discriminações se acentuam quando existem relações entre a infecção bacteriana e o vírus da imunodeficiência humana (HIV).
A tuberculose e suas representações na sociedade é mais do que o resultado de uma pesquisa acadêmica, porque convida a refletir sobre como o Brasil trata os doentes e de que maneira eles são impactos pela rejeição. Entre as páginas, o autor aponta as dificuldades vividas pelos pacientes na tentativa de levantar discussões sobre a importância da inclusão dessas pessoas nos meios de sociabilidade, ainda que estejam passando por tratamentos intensos.
FICHA TÉCNICA
Título: A tuberculose e suas representações na sociedade
Autor: Roberto Martins de Souza
ASIN: B09W2ZPQDH
Páginas: 110
Preço: R$ 53,34 (físico)
Onde comprar: Clube de autores
Sobre o autor: Roberto Martins de Souza é professor doutor que trabalha em diversas universidades da capital e do interior de São Paulo. Leciona em disciplinas como Administração Hospitalar, Saúde Pública, Processo de Cuidar em Enfermagem e Gerontologia. Enfermeiro, atuou em diversos hospitais públicos e particulares, além de Unidades Básicas de Saúde (UBS). Agora, publica o primeiro livro A tuberculose e suas representações na sociedade, fruto de sua pesquisa acadêmica.
Instagram: @robertomartinsdesouza2024
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