Parceria entre MIDR e CNI vai estruturar diagnósticos e bases de dados que orientem políticas públicas, com foco em inovação e fortalecimento da indústria nacional
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Brasília (DF) - Reduzir a dependência externa do Brasil em insumos e equipamentos de saúde, ampliar a capacidade tecnológica do país e consolidar um sistema produtivo capaz de responder às demandas do Sistema Único de Saúde (SUS). Esses foram os principais objetivos destacados durante a instalação, nesta terça-feira (16), do Grupo de Trabalho (GT) voltado ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), fruto de um acordo de cooperação entre o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com o diretor do Departamento de Políticas de Desenvolvimento Regional e Ordenamento Territorial do MIDR, João Mendes, a iniciativa abre uma nova frente de atuação do ministério junto ao setor industrial. “Historicamente, o MIDR se dedicava mais ao setor agrícola. Agora, entendemos a importância de olhar também para a indústria, especialmente diante do contexto de desindustrialização e da necessidade de fortalecer a política nacional conduzida pelo governo federal”, afirmou.
Setor industrial nos planos regionais
O acordo com a CNI prevê a produção de insumos estratégicos, como diagnósticos territoriais e bases de dados, que vão subsidiar políticas públicas. Segundo João Mendes, o objetivo é incorporar de forma estruturada o setor industrial nos planos regionais e programas do MIDR. “O Complexo da Saúde dialoga diretamente com a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e também com o Programa Cidades Intermediadoras, mas vai além. Queremos desenhar estratégias que integrem inovação, logística e distribuição produtiva em todo o país”, explicou.
Um dos pontos de destaque da iniciativa é o foco na saúde. Para o diretor, o setor representa um potencial significativo de desenvolvimento regional. “As compras governamentais na área da saúde têm peso muito elevado e podem estimular a produção nacional. Além disso, a pandemia mostrou a vulnerabilidade do Brasil ao depender de insumos básicos importados. É fundamental garantir autonomia produtiva”, disse.
Saúde, bioeconomia e economia circular
O GT conta com seis frentes de trabalho, incluindo saúde, bioeconomia e economia circular. A primeira base de dados já foi apresentada, reunindo informações sobre setores industriais, desagregadas por estado e macrorregião, com ferramentas interativas para gestores públicos e sociedade civil. O levantamento revela, por exemplo, que apenas 4% dos componentes do complexo econômico da saúde têm produção autossuficiente no Brasil.
Outro ponto abordado foi a importância de preparar o país para o envelhecimento populacional. “As doenças que mais demandam investimentos, como Alzheimer, Parkinson, câncer e problemas coronários, estão associadas ao processo de envelhecimento. Muitas vezes, o custo elevado desses tratamentos decorre da dependência externa de medicamentos e equipamentos”, destacou Mendes.
Para o MIDR, a territorialização do CEIS será viabilizada por meio de políticas como as Rotas de Integração Nacional e o Programa Cidades Intermediadoras, que organizam fluxos produtivos e fortalecem polos regionais. “Esse esforço coletivo vai garantir que a indústria da saúde se distribua de forma equilibrada no território, aproveitando as vocações locais e gerando emprego, renda e inclusão social”, completou o diretor.
Com a instalação do GT, o Governo Federal dá início a um movimento integrado de fortalecimento da política industrial e de desenvolvimento regional, em articulação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Ministério da Saúde.
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