Paiva Netto
Uma das mais perigosas maneiras de o ser humano
sofrer influência espiritual maléfica é, sem dúvida, a conversação sem propósito digno. Por isso, salvaguardemos nossas
fronteiras psicoespirituais dessas investidas danosas do “lobo invisível” (os
espíritos obsessores, malignos). Jesus, o Divino Mestre, há milênios, instrui
sobre os cuidados que devemos cultivar com a Boa Palavra: “Não é o que entra pela boca o que contamina
o homem, mas o que sai pela boca. Isso, sim, é o que o contamina” (Evangelho,
segundo Mateus, 15:11).
Meditem sobre essa advertência do instrutor
espiritual Cornélio, constante do livro Obreiros da Vida Eterna. Notem como é grave a responsabilidade de
todos nós na preservação da atmosfera espiritual que nos cerca:
“Nas
mais respeitáveis instituições do mundo carnal, segundo informes fidedignos das
autoridades que nos regem, a metade
do tempo é despendida inutilmente, através de conversações ociosas e
inoportunas. Isso, referindo-nos somente às “mais respeitáveis”. Não se
precatam nossos Irmãos em humanidade de que o verbo está criando imagens vivas, que se desenvolvem no terreno
mental a que são projetadas, produzindo
consequências boas ou más, segundo a sua origem. Essas formas naturalmente
vivem e proliferam e, considerando-se a inferioridade dos desejos e aspirações
das criaturas humanas, semelhantes criações temporárias não se destinam senão a
serviços destruidores, através de atritos formidáveis, se bem que
invisíveis”. (Os destaques são meus.)
E, inspirado na Primeira Epístola de Paulo
Apóstolo aos Coríntios, 15:33, o Espírito Emmanuel, em Pão Nosso, obra psicografada
por Chico Xavier, dedica um capítulo ao tema. O Guia Espiritual do
respeitado médium revela as tenebrosas consequências experimentadas por aqueles
que se utilizam da palavra que nada constrói de positivo para si nem para os
outros, dando vez ao “lobo invisível”, isto é, a um espírito obsessor.
Más
palestras
“Não
vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes” (Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, 15:33).
“A conversação menos digna deixa sempre o
traço da inferioridade por onde passou. A atmosfera de desconfiança
substitui, imediatamente, o clima da serenidade. O veneno de investigações
doentias espalha-se com rapidez. Depois da conversação indigna, há sempre menos
sinceridade e menor expressão de força fraterna. Em seu berço deplorável,
nascem os fantasmas da calúnia que escorregam por entre criaturas santamente
intencionadas, tentando a destruição de lares honestos; surgem as preocupações
inferiores que espiam de longe, enegrecendo atitudes respeitáveis; emerge a
curiosidade criminosa, que comparece onde não é chamada, emitindo opiniões
desabridas, induzindo os que a ouvem à mentira e à demência.
“A má conversação corrompe os pensamentos
mais dignos. As palestras proveitosas sofrem-lhe, em todos os lugares,
a perseguição implacável, e imprescindível se torna manter-se o homem em guarda
contra o seu assédio insistente e destruidor.
“Quando o coração se entregou a Jesus, é
muito fácil controlar os assuntos e eliminar as palavras aviltantes.
“Examina
sempre as sugestões verbais que te cercam no caminho diário. Trouxeram-te
denúncias, más notícias, futilidades, relatórios malsãos da vida alheia?
Observa como ages. Em todas as ocasiões, há recurso para retificares
amorosamente, porquanto podes
renovar todo esse material em Jesus Cristo.” (Os destaques são meus.)
A
boa conversação e a Humanidade Invisível
Vem-me à memória uma narrativa que apresentei na
série radiofônica “Lições de Vida”, na década de 1980, sobre as três peneiras que devemos
utilizar na hora de expor qualquer assunto a alguém. A primeira peneira é a
da verdade; a segunda, a da bondade; e a terceira, a da necessidade. Antes de falarmos algo,
precisamos nos certificar de que as nossas palavras passem por esses filtros.
Caso contrário, é melhor nem as proferirmos.
Na Antologia
da Boa Vontade (1955), encontramos o poema “Não julgues!”, de autoria
de João Tomaz, do qual destacamos oportuna estrofe:
Mas
se queres tua paz
e
a paz dos outros também
atende
a este conselho:
—
Não fales mal de ninguém.
Definitivamente, o “lobo invisível” e seus acólitos
precisam aprender mais esses ensinamentos para que alcancem real ventura. E
essa é justamente a lição que fui buscar em minha obra Jesus, Zarur, Kardec e Roustaing na Quarta
Revelação (1984, edição esgotada), por estas palavras do notável
Emmanuel: “Uma simples conversação sobre o Evangelho de Jesus pode beneficiar
vasta fileira de ouvintes invisíveis”.
Acerca do indispensável papel a ser protagonizado
pelas famílias, afiança o Espírito André Luiz, em seu livro Desobsessão, pela psicografia de Chico
Xavier e Waldo Vieira (1932-2015): “O culto do Evangelho no abrigo doméstico
equivale a lâmpada acesa para todos os imperativos do apoio e do esclarecimento
espiritual”.
Como assegurava o saudoso Alziro
Zarur (1914-1979), “A invocação do nome de Deus, feita com o
coração cheio de sinceridade, atrai o amparo dos Espíritos Superiores”.
José de Paiva Netto ―
Jornalista, radialista e escritor.
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