*José Renato Nalini
Resiliência é a palavra de ordem
para todas as cidades nesta era de grave crise climática. É preciso adaptar as
cidades para o enfrentamento dos fenômenos extremos, já que a fase de mitigação
deixou de ser suficiente, diante da magnitude dos fenômenos extremos.
Sem uma política séria e consistente
de preservação do ambiente natural, haverá irrefreável destruição de
ecossistemas. Isso vai reduzir ou mesmo exterminar serviços ambientais sem os
quais não há a menor possibilidade de vida digna. Purificação da água, controle
de enchentes, prevenção a inundações e alagamentos, atenuação da temperatura
para evitar as assassinas ondas de calor, que matam silenciosa mas bastante eficazmente.
Paga-se caro por não seguir a
natureza. De acordo com o WWF, a substituição de serviços ambientais por
infraestrutura artificial custará de dez a vinte vezes mais. Está comprovado
que para cada real investido em sustentabilidade, evitar-se-á um gasto de três
a cinco reais em virtude dos desastres que não são naturais, senão consequência
de nossa incúria. Também haverá custos para a saúde pública e para a
infraestrutura urbana.
Se
as cidades teimarem no desconhecimento dos males gerados pelo excesso de
resíduo sólido e não tiverem a coleta seletiva como política pública efetiva, além
do reaproveitamento do que é descartado, o custo do manejo de lixo será
cinquenta por cento maior, devido ao investimento em soluções que não são as
ideais, como os aterros sanitários ou o transporte para locais distantes,
diante da inexistência de lugares adequados nas proximidades da área urbana.
Acrescente-se
que cada tonelada de resíduo encaminhada a aterro sem adequado tratamento,
onera o custo médio adicional a duzentos reais por tonelada, considerado o
transporte, a operação e o impacto ambiental.
De
igual forma, sem drenagem urbana sustentável e proteção de mananciais, os
custos associados a enchentes serão muito maiores. E o pior: vidas estarão
ameaçadas. Isso sem falar nos custos de reconstrução e reparo do patrimônio
lesado por enchentes.
São
apenas algumas observações para mostrar que é muito mais barato adaptar a
cidade para o enfrentamento dos fenômenos extremos do que deixar que as coisas
aconteçam como tem sido até hoje. Deu para convencer que resiliência é uma
política humanitária que tem de ser encarada de frente e de forma resoluta?
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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