*José Renato Nalini
Ele se chama calor. Isso mesmo: as
mudanças climáticas fizeram do planeta Terra uma esfera mais quente. A China
registrou em julho temperaturas superiores a 50 graus centígrados e nos Estados
Unidos a cidade de Phoenix chegou a 43.
Calor excessivo afeta os sistemas
cardiovascular, respiratório e renal. O coração passa a bombear mais sangue faz
a quentura se transformar em suor. Batimentos cardíacos mais rápidos exigem
mais oxigênio. O suor desidrata e causa problemas renais.
Outro fenômeno causado pela
temperatura elevada é a insolação. O corpo não consegue superar o calor e isso
causa confusão mental, perda de consciência e convulsões. Tudo é muito pior
para quem já sofre de doença cardiopulmonar. Os idosos têm, por natureza,
dificuldade de termorregulação. Por isso é que a mortalidade entre os maiores
de 65 anos aumentou 68% nos últimos anos, de acordo com o relatório anual
Lancet Countdown de 2022.
É a Terra mais infernal. A
temperatura excessiva já levou mais de 61 mil pessoas na Europa no verão
passado. O estresse térmico só tem aumentado e não há dúvida de que é a ação do
homem que causa nociva emissão de gases causadores do efeito estufa.
Os eventos climáticos extremos
triplicaram neste século. Tal não teria ocorrido se não houvesse o
recrudescimento da mudança do clima resultante da emissão de CO2. Essas ondas
de calor são chamadas de assassinas silenciosas, pois crescentemente
mortíferas.
Há um conjunto de circunstâncias que
torna ainda mais grave a subida dos termômetros. A incidência de vento, a
radiação solar e a umidade. A presença de árvores faz diminuir a sensação de
calor. Mas o plantio é muito reduzido, anda à velocidade de quelônios, enquanto
a derrubada de exemplares saudáveis, para atender à cupidez humana, caminha ao
ritmo da luz.
Urge que os indivíduos, integrantes
dessa ficção chamada “sociedade civil”, se encarreguem de exigir compostura e
responsabilidade ao Estado. Infelizmente, os governos pensam exclusivamente em
dois temas: eleição e reeleição e a obtenção de vantagens. O interesse das
futuras gerações é negligenciado e a cada gestão, intensifica-se o mau uso dos
recursos naturais. Todos os governos devem ser obrigados a cumprir, com
exatidão, o artigo 225 da Constituição da República, norma considerada a mais
bonita produzida num texto fundante no século passado. Sem isso, o assassino
silencioso continuará a fazer vítimas.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral
da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.
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