Campanha mundial visa conscientizar sobre hidrocefalia, doença que afeta 400 mil crianças por ano e 8 milhões de idosos no mundo

 O diagnóstico precoce da hidrocefalia, que muitas vezes é confundido com quadros de demência em idosos, é um dos desafios. Por essa razão, a Hydrocephalus Association, entidade norte-americana sem fins lucrativos, acaba de instituir 20 de setembro como o Dia Mundial da Hidrocefalia. No Brasil, o Dia Nacional de Atenção aos Portadores de Hidrocefalia é 25 de outubro. A brain4care, healthtech brasileira pioneira no mundo no desenvolvimento da tecnologia não invasiva de monitorização da pressão e complacência intracraniana - um sinal neurológico que, ao lado dos demais exames utilizados, tem se revelado importante no diagnóstico, tratamento e acompanhamento em casos de hidrocefalia - convida a todos a participarem da campanha de conscientização da HA

A Hydrocephalus Association (HA), entidade norte-americana sem fins lucrativos, criada em 2003, acaba de definir 20 de setembro como o Dia Mundial da Hidrocefalia. No Brasil, a data voltada à conscientização sobre a patologia foi criada em 2019, por meio de projeto de lei, e instituiu 25 de outubro, como o Dia Nacional de Atenção aos Portadores de Hidrocefalia. Cerca de 400 mil crianças por ano no mundo recebem o diagnóstico de hidrocefalia e estima-se que a doença acomete 8 milhões de idosos do planeta, de acordo com a HA.

No Brasil, com base em estimativas de estudos realizados com informações de sistemas de saúde a incidência de hidrocefalia é de 1-3 por 1.000 nascimentos somente para a congênita ou de início precoce, acrescentando hidrocefalias adquiridas; 60% dos casos ocorrem em recém-nascidos; e 40% em idosos. Grave em relação aos idosos é que muitas vezes a hidrocefalia é confundida com Mal de Parkinson, Alzheimer e outras demências. 

Na foto: O Prof. Sérgio Mascarenhas, (1938/2021), e a pequena Maya, que percorreram uma longa jornada diagnóstica até a confirmação da hidrocefalia e o resgate da qualidade de vida

Entendendo a hidrocefalia

O cérebro e a coluna vertebral são banhados pelo líquido cefalorraquidiano (LCR), que flui através das cavidades. A hidrocefalia acontece quando há acúmulo desse líquido nas cavidades do cérebro, aumentando o tamanho dessas estruturas e fazendo pressão sobre o cérebro (hipertensão intracraniana). Caso a hidrocefalia não seja diagnosticada e tratada precocemente, o aumento da pressão intracraniana causará danos cerebrais.

A hidrocefalia pode ocorrer em qualquer idade e o tratamento cirúrgico da doença para inserção de uma válvula de derivação pode restaurar e manter os níveis normais de líquido cefalorraquidiano no cérebro. Em geral, esse sistema é composto por dois cateteres e uma válvula que redireciona o excesso de líquido do ventrículo do cérebro para outra parte do corpo, proporcionando alívio de longo prazo para pessoas com hidrocefalia.

As causas da doença ainda são pouco conhecidas, mas entre seus sintomas, que variam de acordo com a idade, estão: cabeça muito grande (em recém-nascidos); dores de cabeça; sonolência; alteração no estado mental, como confusão; visão turva ou dupla; náusea; dificuldade de andar; incontinência urinária.

O desafio do diagnóstico precoce e a contribuição brasileira

O grande desafio é o diagnóstico precoce. No caso de pessoas com mais de 80 anos, por exemplo, a literatura médica aponta que entre 10% e 30% dos casos diagnosticados com demência podem ter causas reversíveis como a hidrocefalia. Ou seja, das milhões de pessoas  que envelhecem e começam a ter declínio cognitivo, se 1 em cada 3 ou 1 em cada 10 tiverem o diagnóstico correto de hidrocefalia, elas podem ser tratadas e recuperar sua qualidade de vida. Portanto, uma das importantes mensagens da campanha da HA é “destacar a necessidade crucial de diagnóstico e tratamento imediatos”.

Nesse contexto, a contribuição do Brasil é relevante porque a ciência brasileira é pioneira no mundo no desenvolvimento da tecnologia brain4care, um método não invasivo de monitorização da pressão e complacência intracraniana, que tem como uma de suas aplicações importantes, auxiliar no diagnóstico assertivo de hidrocefalia e fornecer dados essenciais no acompanhamento e regulagem da válvula de derivação em pacientes tratados com esse recurso.

A tecnologia, aprovada pela Anvisa no Brasil, e FDA, nos Estados Unidos, é utilizada ao lado dos demais exames que fazem parte do protocolo de diagnóstico de hidrocefalia em pessoas de todas as faixas etárias. Antes da tecnologia brain4care, a única maneira de ter acesso a dados sobre a pressão intracraniana era por métodos invasivos - o padrão ouro a inserção cirúrgica de um cateter na caixa craniana.

Na jornada de médicos que passaram a utilizar a brain4care, há exemplos de pacientes idosos que começam a apresentar declínio cognitivo e incontinência urinária, sem qualquer alteração nos exames de imagem, mas com hipertensão intracraniana alterada na monitorização. Tratado com medicamento, um desses pacientes deixou de ter incontinência urinária na primeira semana e logo os sinais de declínio cognitivo desapareceram. Outro paciente, com cefaleia aguda, teve desfecho diferente. A monitorização mostrou uma hipertensão intracraniana grave e ela precisou ser internada para realizar uma punção liquórica (tap test) para aliviar a pressão do cérebro. Essa paciente fez uma cirurgia para colocação de válvula de derivação e não teve mais cefaleia.

Campanha de conscientização sobre hidrocefalia

Para contribuir com a campanha internacional de conscientização sobre hidrocefalia, promovida pela HA, a brain4care a partir de 20 de setembro e ao longo de outubro, vai divulgar em seus meios de comunicação no Brasil e Estados Unidos – redes sociais, painéis científicos e ações de imprensa – informação referenciada sobre hidrocefalia, além de histórias de pacientes, com foco na conscientização sobre a doença e, principalmente, no diagnóstico precoce e tratamento.

Para apoiar conosco a campanha internacional da HA, acesse:

https://www.hydroassoc.org/whd/

Sobre a brain4care

A brain4care é uma healthtech brasileira de base científica que desenvolve e oferta tecnologia pioneira de monitorização não invasiva de variações de pressão e complacência intracraniana. Isso é feito por meio de um dispositivo wearable (um sensor posicionado na cabeça do paciente com uma banda de fixação), acessível e de baixo custo, conectado via internet a uma plataforma analítica, que fornece em poucos minutos informações adicionais que qualificam o diagnóstico, orientam a terapêutica e indicam a evolução de distúrbios neurológicos. Por sinal, distúrbios neurológicos são a segunda causa mundial de morte prematura e a primeira de incapacidades, de acordo com estudo publicado na The Lancet Neurology.

A origem da healthtech está relacionada aos estudos do físico e químico Sérgio Mascarenhas (1928-2021), que após suspeita de doença de Parkinson, percorreu uma jornada diagnóstica que o levou à confirmação de um caso de hidrocefalia. Restabelecido e inconformado com as limitações e complexidades do método invasivo a que foi submetido, voltou à bancada de pesquisa e realizou estudos iniciais com apoio da Fapesp à procura de uma alternativa para monitorização da PIC de forma não invasiva. Anos mais tarde, em 2014, para transformar essa descoberta em uma oferta de saúde, Mascarenhas se uniu a ex-alunos e empresários para desenvolver a tecnologia e fundar a brain4care. Em 2017, a healthtech foi acelerada no Vale do Silício pela Singularity University. A liberação da tecnologia pela Anvisa, no Brasil, aconteceu em 2019,  e pelo FDA, nos Estados Unidos, em 2021.

Atualmente, a tecnologia brain4care encontra-se em utilização comercial em mais de 60 hospitais e clínicas no Brasil, e conta com mais de 60 publicações científicas de estudos realizados em centros de referência, como USP, Unifesp, Universidade do Porto e Cleveland Clinic. Além disso, a brain4care prepara sua expansão para o mercado internacional e conta com escritórios no Brasil, em São Paulo e São Carlos, e nos Estados Unidos, em Atlanta. Mais informações: https://brain4.care/ 

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