*José Renato Nalini
A situação calamitosa do ambiente
planetário reclama uma opção consequente e compromissada de cada ser humano. Há
gestos isolados que provam existir consciência ecológica em alguns nichos. Mas
eles precisam de escala. Precisam comover mais pessoas. Até que a população
mundial, uníssona, exigisse dos governos uma postura séria. Estado é
mandatário, não senhor da cidadania. O mandante é o cidadão que vota. Este é
que deve ditar as regras de conduta dos políticos profissionais, em regra a
perseguir seus próprios egoísticos interesses, com absoluto desprezo pelo bem
comum.
Mas há coisas que podem ser feitas e
que dependem exclusivamente da boa vontade. Encontrei dois bons exemplos estes
dias. Um deles ocorre em São Caetano do Sul, onde se desenvolve um projeto de
expansão da política pública de atenção à alimentação. Todas as sessenta e seis
unidades escolares municipais terão hortas.
Houve ampliação dos espaços de
cultivo de verduras, legumes e hortaliças. O projeto conta com o apoio dos
estudantes do curso de Nutrição da Universidade Municipal de São Caetano do Sul
e de uma frente de trabalho que envolve a comunidade. As mães poderão trabalhar
nas escolas. Tais projetos de educação alimentar são reconhecidos pela FAO –
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. É uma fórmula
interessante para fazer a criança se interessar pelo cultivo e apreciar mais a
comida que resulta de sua participação.
O outro exemplo é o mutirão levado a
efeito em Barão Geraldo, Campinas, que transformou um terreno abandonado em
agroflorestal. A população ecologicamente consciente recuperou uma área ociosa
e o resultado é uma flora e fauna exuberantes. O local utilizado para depósito
de lixo e material de construção descartado atraía baratas e ratos. Mas a população
não esperou que o governo municipal reagisse. Colocou-se em atividade coletiva
e constante. Árvores frutíferas e espécies nativas da Mata Atlântica mostram
que, havendo boa vontade, a natureza devolve em décuplo aquilo que nela se
investe.
Ora, se São Caetano do Sul e Barão
Geraldo, em Campinas, podem fazer tais projetos, por que não as outras cidades?
Basta querer. Vamos em frente, pois de tais atitudes depende o futuro da
humanidade.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral
da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.
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