*José Renato Nalini
A ignorância costuma fazer troça do
aquecimento global. Não é incomum, nos dias frios, os imbecis dizerem: - “Olha
que lorota! Em vez de aquecimento vem esfriamento!”. Prova cabal de que não
sabem o que é mudança climática.
Terão motivo para se preocupar este
ano e nos próximos, porque o “El Niño” vai chegar. Com ele, novo salto na
temperatura. E isso vai representar piora de vida para todos. Principalmente
para os mais vulneráveis.
O Brasil está nos trópicos e a maior
parte do território já é bem aquecida. Com o “El Niño”, esse acréscimo de
temperatura representará algo como de 4 a 5 graus centígrados a mais. O que
significa? Mais perda na produtividade, prejuízo para a agricultura, maior
incidência de doenças cardiorrespiratórias e até aumento do número de
tentativas e de suicídios bem sucedidos.
O assunto não é do governo federal.
Este, com seus trinta e sete ministérios, a luta insana pelo preenchimento de
cargos de terceiro, quarto ou quinto escalão, a situação de refém de um
Parlamento famélico e insaciável, não deixa espaço para cuidar de assuntos
sérios. Quem tem de assumir os riscos e também ser mais ousada é a cidadania.
As pessoas moram na cidade. Estão
mais próximas à Câmara Municipal e ao Prefeito. Podem e devem exigir que se
intensifiquem as políticas básicas de habitação, drenagem, saneamento,
abastecimento de água, recuperação de nascentes sepultadas para o asfalto, proteção
das margens de rios, arborização e expansão de áreas verdes. Mais ainda, cuidar
de que o transporte público seja movido por combustíveis verdes, climatizar
todos os prédios públicos, as escolas, os hospitais e as penitenciárias.
Assunto relevante e negligenciado é
a produção absurda de resíduos sólidos, com o descarte de tudo o que poderia
ser reciclado e gerar renda e cuja acumulação ecologicamente incorreta causa
mais perigo para todos os viventes.
Não se esquecer também que mais
calor significa mais necessidade de ambientes saudáveis, que só as árvores
podem propiciar nas vias públicas. O Brasil tem deficiência de mais de um
bilhão de árvores. As cidades deveriam ser as campeãs no replantio, para
propiciar vida melhor para os cidadãos. Mais calor vai trazer muito
desconforto, muito mal-estar, muita doença que poderia ser evitada. O cidadão
tem de estar atento para cobrar responsabilidade de seu Prefeito e seus
vereadores. É obrigação deles, como mandatários. O mandante é o eleitor.
*José Renato Nalini é
Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.
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