Coluna FolhaGeral:- Parece que os eleitores estão evoluindo ou ficando calejados.

A ditadura
militar no Brasil teve 5 presidentes militares do Exército: 2 marechais e 3 generais. Durou de 1964 a 1985. Nesse período de 21 anos, houve restrição de direitos políticos, censura à comunicação e à cultura, perseguição a opositores.
Os políticos
civis estiveram subordinados aos governos militares. Tiveram que ousar para reconquistar o poder. Nos 34 anos seguintes, após a ditadura, os políticos civis aprontaram uma grande quantidade de escândalos de vários tipos e tamanhos.
A explicação
de que a ditadura militar – de alguma forma – tenha sido a causa dessa decadência política no país, não convenceu o público. A insatisfação com os políticos civis cresceu. Em 2018, nos dois turnos da eleição presidencial, o eleitorado deu preferência à chapa de dois militares do Exército, descartando 12 chapas de candidatos civis.
A aposta do

eleitorado nos candidatos militares pode ser criticada, especialmente hoje, passados mais de 20 meses de desatinos presidenciais e mais de 50 pedidos de “impeachment” trancados na Câmara Federal. Mas aquela rejeição aos candidatos civis em 2018 foi correta.
Um resultado

terrível – decorrente dos males políticos – são os milhões de brasileiros desempregados (que procuram emprego mas não conseguem), desocupados (que desistiram de procurar emprego) e trabalhadores informais (sem vínculo empregatício), que podem passar em número a população do Canadá (37,6 milhões de pessoas).
Em Jales,

episódios patrocinados pelos políticos – como Distrito Industrial II e Canal de Irrigação – produziram frustrações. Em 2016, a coligação “União por Jales” até pareceu um grande mutirão em favor do bem geral. Uniram-se 13 partidos. Só 2 ficaram fora.
Os analistas

lá do botequim da vila, hoje, acham que aquela coligação de 2016 não gerou uma união partidária forte e enfraqueceu individualmente os partidos. Eles se preocupam que isto possa levar o cenário político local a uma situação acéfala em 2020.
Parece que
os eleitores estão evoluindo ou ficando calejados. Fato é que – já naquele pleito de 2016 – perceberam que a proposta oferecida pelos lideres partidários unidos não era boa. Quase metade do eleitorado jalesense (48,81%) negou registrar votos válidos.
Depois de

uma eleição assim – com elevada soma de abstenções, votos brancos e votos nulos – é preciso reservar um bom tempo para refletir sobre o que acontece na política. Não se deve simplesmente recuar, dando marcha a ré. Isso não é solução.
Se de um lado

existe hoje na sociedade um apelo egoísta para riqueza e fama, por outro lado a consciência das pessoas evolui nas questões de qualidade de vida, inclusões sociais e cuidados com o planeta. Não dá para evitar estas questões. Nem as pandemias.
A solução
existe, está nas mãos dos políticos e vale para todas as esferas. Os líderes dos partidos que insistem em acreditar nas amplas coligações e que não se encorajam em reforçar o desempenho dos seus partidos vão só repetir erros.
Aos olhos
dos eleitores, está nitidamente claro que a qualidade dos partidos políticos parte da vontade e do trabalho dos seus líderes. Sem isso, os partidos não cumprem suas finalidades. Aos eleitores, cabe prestigiar os bons políticos com votos.
Os partidos
locais que não tiverem bom desempenho eleitoral este ano ou elegerem candidatos despreparados, devem procurar bons valores que existem (sim!) na sociedade para reforçar seus times. Ou podem desaparecer sem deixar saudade.
Quem ainda
acredita que um bom “marketing” político e a boa presença nos meios de comunicação tornam os partidos fortes, precisa se atualizar. Induzir pessoas ao erro é enganar a si próprio. Bem diferente será promover bons partidos e bons candidatos.
As 10 cadeiras
do Legislativo de Jales, em 2016, foram divididas entre 8 partidos. Agora, uma análise rápida dos nomes dos candidatos a vereador – divulgados por 11 partidos políticos – indicou que as 10 cadeiras poderão ficar entre 4 partidos. Se algo assim acontecer, mais uma razão para o enfraquecimento de muitos partidos.
Em 2016
foram registrados, junto à Justiça Eleitoral no município de Jales, 94 candidatos a vereador. Naquela que foi a última eleição proporcional com coligação ao Legislativo, partidos políticos se uniram e apresentaram uma lista de pré-candidatos.
Alguns dos
partidos não indicaram candidatos próprios. Tão somente emprestaram o nome partidário à coligação para aumento do tempo de propaganda no horário eleitoral do rádio. Isto acontecia também na eleição majoritária (ao Poder Executivo). Muito fácil e inteligente...
Agora, nestas
eleições de 2020, ante a nova exigência da lei, os partidos não podem mais se juntar para disputar eleição ao Poder Legislativo. Precisam apresentar candidatos próprios para disputar vagas. Tem partido que perdeu o rumo, ficando à deriva.
Todos os
vereadores eleitos em 2016 concorreram por coligações. DEM, PRB, PSD elegeram 3; PMDB, PPS elegeram 2; PSB, PTB elegeram 2; PT, PP elegeram 2; PV, PRP, PEN, PSDB elegeram 1.
Mas agora,
em 2020, formularam registros de 110 candidatos a vereador à Justiça Eleitoral os 9 partidos, isoladamente: DEM, PSDB, PP, PRB, MDB,  PT, PSD, PV e o PODEMOS. O prazo para pedidos de candidaturas termina neste sábado (dia 26).
De 2016 para
2020, haverá aumento de 16 nomes (17%) às listas de candidatos a vereadores, caso não aconteçam desistências ou negativas de registro. As mulheres candidatas são 38 neste ano; são 10 a mais do que em 2016.
Na sessão
ordinária de segunda-feira (28/9), os vereadores vão votar favorável ao veto do prefeito Flávio Prandi ao projeto de lei que estabeleceu os subsídios dos agentes políticos para a próxima legislatura (2021/2024).
Os vereadores
 Nivaldo Batista de Oliveira (Tiquinho) do  PSD, Chico do Cartório e Tiago Abra, ambos do MDB,  estão se despedindo  do Legislativo ao não disputarem mais um mandato. Decidiram pela aposentadoria eleitoral, talvez não da aposentadoria política.
Na terça-feira
(dia 22), aconteceu a 75ª. Assembleia Geral das Nações Unidas. Pela primeira vez, o salão de conferências do prédio da ONU, em Nova York (USA) estava sem os participantes presentes. Foi usado o sistema de videoconferência.
Na abertura
da Assembleia, como é costume, o presidente do Brasil discursou ao mundo num vídeo gravado de 14 minutos. Nele, o presidente dá uma aula de como ser um político ultrapassado. Os políticos que vão concorrer às eleições municipais este ano devem estudar o vídeo, que está na internet, para evitar erros tradicionais.
Alguns trechos
da fala do presidente Jair Bolsonaro. “Desde o princípio (da pandemia), alertei que tínhamos dois problemas a resolver: vírus e o desemprego. Parcela da imprensa brasileira politizou o vírus. O governo concedeu auxílio emergencial de aproximadamente mil dólares para 65 milhões de pessoas. Assistiu a mais de 200 mil famílias indígenas.”
Continuando:
“Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. Somos líderes em conservação de florestas tropicais. Nossa floresta é úmida e não permite propagação de fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em áreas desmatadas.
Prosseguindo:
“O nosso Pantanal, assim como a Califórnia, sofre dos mesmos problemas. As grandes queimadas são consequências da alta temperatura local, somada ao acúmulo de massa orgânica em decomposição.”
Finalmente:
“No campo humanitário e dos direitos humanos, o Brasil vem sendo referência internacional. A liberdade é o bem maior da humanidade. Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia. O Brasil é um país cristão e conservador e tem na família a sua base.”
A notícia
ruim para o país (mas boa para muitos políticos) é que o cenário político brasileiro continua oferecendo boas chances para oportunistas. Do jeito que está, o povo nas urnas tem que escolher em quem não votar. Até Bolsonaro tem chance de se reeleger.
E a notícia
boa para o país (e boa para poucos políticos) é que o cenário político brasileiro está carente e propício para receber políticos competentes. Historicamente, no mundo, grandes políticos surgiram em épocas de grandes dificuldades.
Leandro Karnal,
brasileiro (gaúcho), historiador, professor, escritor e palestrante, tem uma boa frase a respeito das crises: “As crises revelam heróis e canalhas. Elas fazem as máscaras sociais caírem, como nas guerras”.
 

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