O serviço público pode ajudar comércio em Roraima, aponta economista

O funcionário público é o principal cliente do comércio. Por outro lado, lojistas veem o futuro com bastante incerteza
Por Vanessa Fernandes
Em 30/04/2020 às 16:50
Empresários precisam inovar no atendimento pela internet, aponta economista - Foto: Nilzete Franco

As medidas de isolamento social e de restrições ao comércio tem sido uns dos maiores pontos de discussões provocadas pela crise do novo Coronavírus. Enquanto um lado pede calma e precaução quanto a questões de higiene e não aglomerações, o outro acredita que o fechamento parcial ou total de empresas pode abalar consideravelmente a economia. Roraima, porém, possui uma peculiaridade quando comparado a outros estados: uma certa dependência financeira do serviço público. Esta característica, segundo o economista Fabio Martinez, pode ajudar o comércio enquanto durar as consequências da pandemia.
"O comércio local depende muito dos servidores públicos, porque são os principais clientes ou alguém que trabalha indireta ou diretamente pro governo, união ou pras prefeituras. Com esse seguimento, a administração pública deve sentir menos do que o setor privado. Ela deve manter o pagamento em dias dos servidores e vamos ter a contratação de novos pra atender essa pandemia. Então, temos uma massa de pessoas com uma certa garantia dos seus salários", complementou.
Apesar disso, nem todos os setores do comércio receberão este apoio, aponta Martinez. Algumas empresas, por exemplo, que trabalham com a venda de bens duráveis como móveis e eletrodomésticos, terão uma maior dificuldade para se manter durante este período. Mas, o economista alerta que é necessário que os empresários se reinventem. Além de que, o futuro dependerá da força que o estado será atingido pela doença.
"Dada essas restrições de abertura de empresas, elas vão ter que investir em atender pela internet o seu cliente e entregar essa mercadoria onde ele está. Ela vai ter que se reinventar porque a gente tem uma certa garantia que parte significativa dos consumidores de Roraima devem permanecer com os seus rendimentos. Se eles tem salários, continuam gastando e acabam mantendo o comércio. Claro, não no mesmo patamar que tinha antes, mas parte do comércio vai ser garantido por conta dessa massa de servidores públicos que a gente tem aqui", explicou.

Empresários, por outro lado, encaram o futuro como incerto

Apesar das notícias sobre a Covid-19 terem tomado os jornais desde o final do ano passado, o baque causado pela doença pegou a todos de surpresa. A falta de certeza sobre uma data de retorno, tem gerado desânimo no meio empresarial. Gildo Júnior, da Associação de Lojistas do Roraima Garden Shopping falou à FolhaBV sobre a sensação vivida durante este período. Segundo ele, não há como fazer planejamos a curto ou médio prazo.

Suprimentos afetados, lojas que trabalham com perecíveis sem saber o momento certo de pedir insumos para estoque e logística alterada devido a redução de vôos, se unem às despesas que continuam mantidas como aluguel e folha de pagamento, na lista de preocupações dos empresários.
"Outra coisa que nos preocupa muito, é que o shopping por sua característica de funcionamento, será o último a ser liberado pelos órgãos competentes. Ou seja, nosso concorrente que tem unidade nas ruas com certeza irá reabrir antes da gente. Depois de reaberto o shopping, as pessoas estarão dispostas a frequentarem um ambiente que normalmente tem muito fluxo? A nossa esperança é que as autoridades olhe para nós com bons olhos. Afinal de contas, os dois shoppings da cidade geram muito emprego", finalizou Júnior.

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