Governo dá novo alerta sobre a dispersão da Covid-19 no interior

Estudo da Unesp aponta que polos regionais apresentam risco maior de disseminação do vírus
30/04/2020 por: Portal do Governo de SP*
A pandemia de Covid-19 está se espalhando pelo interior do Estado de São Paulo, segundo o alerta feito nesta semana pelo Centro de Contingência do Coronavírus, com base em um estudo da Unesp coordenado pelo professor Carlos Magno Fortaleza, também integrante do grupo.
O levantamento foi apresentado na última terça-feira (28), durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes. A modelagem mostra que as cidades consideradas polos regionais, como Campinas, Bauru e São José do Rio Preto, apresentam cinco vezes mais chances de disseminação do vírus do que outras cidades menores, com baixa densidade populacional e menor conectividade com municípios de sua região.
A pesquisa aponta ainda que a rota de disseminação do vírus se concentra ao redor da capital, na Região Metropolitana, e se dissemina pelas principais rodovias que cortam o interior do Estado.
Além da densidade populacional, o estudo observou a distância como outro fator importante de dispersão da Covid-19. “O risco imediato, como é a condição de vigilância neste momento, é 25% menor a cada 100 quilômetros de distância da capital”, ressaltou o docente. Portanto, há tanto o salto entre os grandes centros regionais quanto a difusão por vizinhança e contiguidade de municípios.
O Estado de São Paulo registra até esta quinta-feira, 30 de abril, 2.375 óbitos por Covid-19 e 28.698 casos confirmados, em 323 cidades --a doença atingiu assim, oficialmente, a metade dos municípios paulistas. 
Com o avanço da doença para o interior, já foram registradas uma ou mais mortes em 144 municípios paulistas. Já houve casos confirmados em 314 cidades de São Paulo, segundo a situação epidemiológica informada em 29 de abril.
O estudo da Unesp elenca 15 cidades que, juntas, concentram 70% do total de casos e mortes no Estado de São Paulo. O professor Carlos Magno Fortaleza enfatizou que é preciso manter expressivo índice de isolamento social nesses polos para evitar que o contágio atinja também os de menor porte, seguindo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que prevê quatro tipos de municípios no interior: os polos regionais, os extremamente conectados com polos, os menos conectados e os rurais.
“É grande a necessidade de que os grandes centros regionais mantenham maior rigor no isolamento, o que vai impactar nos demais [em relação à circulação do vírus]”
Carlos Magno Fortaleza, professor da Unesp
mapacovid30abr20.jpg
Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o infectologista David Uip salientou que existe uma falsa sensação de que o interior paulista está protegido contra a Covid-19, mas, se não houver cooperação por parte dos moradores, especialmente nos chamados centros regionais, a doença poderá se alastrar ainda mais pelo Estado.
“Como o professor Fortaleza deixou claro, há uma difusão evidente da pandemia para o interior. Ela está atrasada em relação ao município de São Paulo, à área metropolitana, mais ou menos em duas semanas. Por quê? Por conta das medidas de confinamento e afastamento social que foram adotadas precocemente no Estado. Além disso, os mapas epidemiológicos, o ecossistema e a georreferência serão um conjunto de dados para subsidiar decisões e aconselhamentos do Governo do Estado”, destacou David Uip durante a coletiva de imprensa da última terça-feira.
O estudo da Unesp chamado "Vários países em um: uma análise de modelagem matemática para a Covid-19 no interior do Brasil" (em tradução livre) está disponível como preprint (ainda sem revisão pelo pares) na plataforma www.medrxiv.org. O trabalho pode ser lido no seguinte link: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.04.23.20077438v1.
-----
*Com edição da ACI Unesp --notícia atualizada às 18h de 30 de abril de 2020, com os dados epidemiológicos divulgados neste dia 30

Comentários