“Apavorado”: com o risco da Covid, presos enviam cartas de amor e despedida... -





29/04/2020 13h25

Internos no pátio do presídio de Franco da Rocha (Grande São Paulo) – Foto: Evelton de Freitas/Folhapress
"Estou apavorado com o que pode vir. Eu quero que você saiba que você foi a melhor mulher do mundo. Em tão pouco tempo me fez muito feliz e realizado, até aqui só me deu orgulho. Me sinto o homem mais feliz do mundo. Te amo e obrigado por tudo o que você fez por mim. Por ter me dado uma oportunidade de ter um filho com você. Você é uma mulher maravilhosa. Até as suas brigas estão fazendo falta. Te amo, te amo. Espero que você nunca se esqueça de mim. Porque aonde eu estiver nunca vou te esquecer."
Este é o trecho de uma carta enviada no dia 19 de abril por um homem que cumpre pena em um estabelecimento penitenciário de São Paulo para sua companheira. É uma carta de amor e de despedida. Ele explica a situação em que se encontram os presos onde ele está: cada vez mais doentes, cada vez mais abandonados. E não vê outro desfecho que não seja a doença e a morte. É triste. É o retrato da negligência do Estado com pessoas sob sua custódia. No limite, é a morte como pena. A coluna teve acesso a dezenas de cartas como essa.

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