Engenheiro citado em delação falta a depoimento; aprova condução coercitiva


O engenheiro Ricardo Mahfuz, acusado de envolvimento em um suposto esquema de corrupção na obra da fábrica de medicamentos do governo do Estado em Américo Brasiliense (região de Araraquara), faltou ao depoimento que deveria prestar nesta quarta-feira (26) à Assembleia Legislativa.
Ele havia sido chamado pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga irregularidades na Furp (Fundação para o Remédio Popular), estatal que atua na produção de medicamentos para a rede pública de saúde.
Mahfuz é citado em proposta de delação premiada apresentada ao Ministério Público por ex-executivos do grupo Camargo Corrêa. Segundo os delatores, o engenheiro ajudou a empreiteira - líder do consórcio responsável pela construção da fábrica de Américo Brasiliense - a conseguir uma indenização de R$ 22 milhões do Estado mediante pagamento de propina.
Justificativa – Em carta encaminhada à CPI, Mahfuz negou envolvimento no suposto esquema e disse não ver motivos para sua convocação. Ele atuou na Furp entre janeiro de 2007 e maio de 2012 como assistente técnico de engenharia. As obras da fábrica de Américo Brasiliense foram executadas entre 2005 e 2009, mas a unidade só entrou em operação em 2015.
“Minha atribuição concentrou-se exclusivamente na gestão de contratos de obras na época existentes, dentre os quais, e principalmente, a fábrica de Américo Brasiliense”, informou o engenheiro.
Mahfuz alegou, ainda, que “jamais” participou “de reuniões de diretoria ou gerencia”. No entanto, admitiu que se reportava diretamente “a uma diretoria colegiada”.
“Com relação ao pedido de restauração do equilíbrio econômico-financeiro apresentado formalmente pelo consórcio, jamais tive acesso ou participei de qualquer outra análise que não a estritamente técnica”, justificou.
“Diante do exposto (...), não vislumbro nenhuma possibilidade em que minha presença poderia contribuir para esta dileta Comissão Parlamentar de Inquérito.”
Convocação - A carta enviada por Mahfuz foi lida durante a reunião pelo presidente da CPI, deputado Edmir Chedid (DEM). Diante da ausência do engenheiro, os deputados aprovaram um novo requerimento, desta vez de convocação com possibilidade de condução coercitiva.
“Se ele [Mahfuz] não vier espontaneamente na data determinada, determinaremos a busca coercitiva”, disse Edmir Chedid.
“Embora alegue que não tem relação nenhuma com os fatos denunciados, a própria carta dele mostra que ocupou posição estratégica. Ele participou da análise do pedido de indenização feito pelo consórcio responsável pela obra.”
Além de Mahfuz, a proposta de delação premiada dos ex-executivos da Camargo Corrêa também cita como beneficiário do suposto esquema o ex-superintendente da Furp Francisco Vormittag. Ele já convocado pela CPI a prestar depoimento.
Sobre a CPI da Furp
A CPI foi aberta com base em requerimento do deputado Edmir Chedid que cita denúncias contra a Furp.
A comissão deverá concluir seus trabalhos até novembro. Neste período, poderá requisitar informações e documentos a outros órgãos e interrogar testemunhas e suspeitos. Também terá competência para realizar diligências e requisitar a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico.

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