Feijão, batata e frutas têm queda de preço, mas alta das proteínas eleva inflação

Índice de preços calculado pela APAS tem o melhor resultado mensal em 2019, mas registrou alta de 0,36% em abril devido à alta do dólar
 
O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), voltou a subir em abril, com leve alta de 0,36%. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2019 o IPS registrou inflação de 3,68%.
 
Já no acumulado dos últimos 12 meses, o IPS registrou um aumento de 8,75%. De acordo com o economista da APAS, Thiago Berka, o consumidor deve ainda perceber os preços subindo por conta do dólar em patamares elevados. "A pressão que os alimentos e bebidas estão causando no custo de vida do brasileiro deve continuar alta, pois não vemos sinais de melhora no cenário macroeconômico externo e interno, o que deve manter o dólar na casa dos R$ 4,00", explicou Berka.
 
                ÍNDICE DE PREÇOS DOS SUPERMERCADOS (IPS/APAS)
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Fonte: APAS/FIPE
 
Em abril, das 27 categorias acompanhadas, 17 apresentaram inflação. Este cenário é um pouco melhor do que no mês anterior, quando foram registrados aumentos em 20 categorias.
 
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Fonte: APAS/FIPE
 
 
Destaques de abril
 
Feijão: safra de abril alivia
 
Após cinco meses de aumentos impactantes, o que resultou em alta de 100% no primeiro trimestre deste ano, a safra de abril do feijão veio boa como era esperado e fez com que um dos produtos principais e essenciais do dia a dia do brasileiro registrasse queda de 7% nas gôndolas dos supermercados.
 
"A explicação para a queda de abril está na boa safra do Paraná, maior produtor do país. Essa é uma notícia animadora que tende a resultar em redução de preço do quilo do feijão nos próximos meses, ficando entre R$ 5,00 e R$ 6,00 até agosto", comentou o economista da APAS.
 
Carnes: variação cambial e exportação para a China são responsáveis pelo aumento de preços
 
Com o dólar ultrapassando os R$ 4,00 torna-se mais atrativo ao produtor escoar sua produção para o mercado externo. Aliado a isto, cerca de 35% do rebanho suíno chinês morreu devido a febre suína africana, gerando crise na produção e demandando importação, já que o país é o terceiro maior consumidor de carne de porco do mundo. O Brasil aproveitou para exportar à China, deixando a oferta interna do produto menor, o que o encareceu: a alta nas carnes suínas foi de 3,32% em abril, totalizando 6,5% em 2019.
 
A mesma explicação sobre exportação se aplica para as aves e carnes bovinas, que subiram em abril, respectivamente, 1,67% e 1,32%. No acumulado do ano, o resultado é de alta de 3,05% e 0,48%. De acordo com o economista da APAS, caso o cenário não mude, a tendência é que os preços das proteínas continuem em elevação.
 
"O Brasil é o quarto maior produtor de proteína animal do mundo, o que tradicionalmente torna o país um grande exportador. Com o dólar em alta, essa tendência se intensificou. Isso faz com que os preços internos aumentem e a previsão é de que haja mais aumentos nos próximos meses, caso esta conjunção de fatores - dólar acima de R$ 4,00 e a crise na produção chinesa - permaneça inalterada", concluiu Berka.

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