Lixo no Espaço

 
José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da Uninove e Anchieta, palestrante e conferencista.  Integra a Academia Paulista de Letras, e autor de "Ética Geral e Profissional", 13ª ed, RT-Thomson Reuters.
 
 
 
 
 
Não bastasse a imundície que a espécie humana perpetra na atmosfera, envenenada por gases pestíferos, no solo, contaminado por agrotóxicos e repleto de dejetos descartados pelo desenfreado consumismo contemporâneo e a água poluída, também o espaço guarda o testemunho da insensatez da espécie racional.
Mais de meio milhão de objetos maiores do que uma bola de tênis, alguns deles com dimensões exageradamente grandes, orbitam em torno à Terra. São restos de satélites, de foguetes, de artefatos que o "conquistador" do espaço sideral abandonou. Se forem considerados os de menor dimensão, a cifra supera em muito os milhões.
A NASA conseguiu fotografar o planeta com exatidão para registrar essa grande nuvem que a recobre. A ideia é a de um brigadeiro, o inocente docinho de chocolate, coberto de granulados. Não há um espaço livre que possa romper incólume essa carapaça de lixo espacial.
Qual o problema?
Muitos desses objetos caem sobre a terra. À evidência, na velocidade com que circulam, ainda os menores podem matar um ser humano. Mas o risco maior é o da colisão entre esse descarte e os satélites que viabilizam a comunicação online, que presidem inúmeras relações propiciadas pelo avanço tecnológico. Podem causar mal enorme. É um milagre que mais infortúnios não aconteçam, tal a situação detectada pela agência espacial norte-americana.
A tentativa de capturar tais objetos está sendo desenvolvida. Objetos voadores quais um enorme cesto, se incumbirão de filtrar as camadas mais próximas à Terra, para liberar o trânsito dos satélites essenciais à manutenção do grau de TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação e que hoje poderão colidir com o lixo do espaço.
Se isso der certo, outro desafio estará em pauta: o que fazer com esse material?
O mundo não consegue dar paradeiro saudável para o lixo eletrônico, uma das consequências perversas da 4ª Revolução Industrial. Não contava com o lixo espacial. Mais um problema posto sobre a mesa para essa insensata raça humana, muito egoísta ao se valer de tudo o que a ciência e a tecnologia produzem. Muito comodista em adotar práticas mitigadoras do mal que ela mesma gera.
 


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