Cinco anos após morte de estudante da UFSCar familiares pedem reabertura do caso

Sérgio Gonçalves Lima, conhecido como Panco, foi encontrado morto em fevereiro de 2014 durante uma festa de formatura da universidade em São Carlos (SP).

Por Gabrielle Chagas e Geovana Alves*, G1 São Carlos e Araraquara
Após cinco anos, amigos e familiares de um universitário de 22 anos encontrado morto em São Carlos (SP) em 2014 realizaram um ato neste sábado (23) pedindo a reabertura do caso, que foi arquivado dois anos depois.

O G1 procurou o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e o MP neste sábado, mas não conseguiu contato para saber os procedimentos sobre a possível reabertura do caso.

A manifestação pacífica neste sábado foi organizada pelos pais de Sérgio Gonçalves Lima, conhecido como Panco, que estudava na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

O ato aconteceu no local onde o jovem foi morto, na estrada de terra próxima à alça de acesso que liga a Rodovia Washington Luís (SP-310) ao Jardim Embaré.

Em entrevista ao G1, a mãe Sueli Gonçalves Lima contou que a solenidade foi em busca da verdade.

"A gente foi lá pedir justiça, não só pelo Sérgio, porque hoje a gente vê que a omissão que aconteceu com ele, o descaso com a vida e a pessoa, são coisas que acontecem no nosso país diariamente", disse Sueli.

Morte suspeita
O corpo de Panco foi encontrado pela Polícia Militar em 23 de fevereiro de 2014, por volta das 3h50 após uma ligação ao 190 informando um atropelamento. Os policiais verificaram que os ferimentos na cabeça e nas costas não condiziam com um acidente.

No boletim de ocorrência, a PM reforçou que, mesmo com a chuva que atingiu a cidade momentos antes, a vítima não estava molhada. O caso foi registrado como morte suspeita.

Formatura
Panco estava com amigos em uma festa de formatura da UFSCar, realizada há 300 metros do local onde ele foi encontrado.

Testemunhas disseram que o estudante foi retirado do ambiente pelos seguranças após desentendimento gerado pela tentativa de aparecer na foto de uma moça acompanhada do namorado.

"Eu lembro só do momento do desentendimento que aconteceu, mas foi rápido também. Não aconteceu nada, não chegou a haver agressão, nada. A gente estava tranquilo. Formatura teoricamente é uma festa de família", disse o professor de natação Fernando Marrero.

Segundo Sueli, o casal nunca foi identificado. "Mesmo a gente pedindo, porque nós acompanhamos a autoridade mês a mês no início, não foi achado esse rapaz para, ao menos, ele ter um álibi, porque a gente não sabe o que levou a essa brutalidade com o Sérgio", disse.

Outro amigo que também estava na formatura disse não entender como o caso aconteceu tão rápido. "A última lembrança que eu tenho dele, a gente estava junto e me chamaram para dançar a valsa. Fui dançar e depois não encontrei mais ele. Não tem motivo aparente para ter acontecido uma coisa dessa, foi coisa de 20 minutos", contou o personal trainer Diego Fernandes Chaves.


Investigação
O caso foi arquivado há mais de 2 anos. Segundo os familiares, eles descobriram apenas depois de uma visita à promotoria após quatro meses.

"Foi como se fosse uma apunhalada de novo, a gente foi na esperança de que fizessem as coisas e ficamos sabendo disso" relatou a mãe.

Segundo a Polícia Civil, na época, cerca de 100 pessoas foram ouvidas. O inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público (MP), que entendeu que a autoria do crime era desconhecida.

Já a empresa de formatura responsável pela festa informou ao G1 que se colocou à disposição para esclarecimento dos fatos durante toda a investigação. A sindicância aberta em paralelo ao inquérito da Polícia Civil chegou a mesma conclusão feita pelo delegado, promotor e juiz que estavam a frente do caso.


Sob supervisão de Fabio Rodrigues, do G1 São Carlos e Araraquara.

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