Estudantes propõem estratégias para aumentar interesse dos jovens pela política


A distância que separa os jovens da política fez com que os alunos Alberto Nakakogue Neto, Augusto Dezoti Doreto e Felipe Angelo Denis, foto, do Colégio Positivo - Jardim Ambiental, de Curitiba, criassem o projeto Mobilizar para Mudar: estudo sobre a relação da juventude curitibana com a política nacional. O estudo, que investiga a ligação de jovens entre 14 e 16 anos com a política, foi baseado numa pesquisa do Instituto Data Popular, de 2014, que revelou que sete em cada 10 jovens acreditam que seu voto tem poder de mudar os rumos do país, e 81% considera a política um assunto importante, mas somente 32% afirmou entender sobre o tema.
Com orientação da professora Irinéia Inês Scota, os três fizeram uma pesquisa com outros estudantes, entrevista com mestres em educação e sociólogos e análise do que já foi publicado sobre o assunto. “Depois que eles coletaram os dados, foi necessário buscar junto à literatura acadêmica e a artigos científicos elementos que pudessem sustentar ou refutar esses dados”, explica a orientadora. O resultado da pesquisa confirmou que os jovens têm perspectivas de mudança, mas não demonstram interesse em fazer parte dos debates políticos e que facilmente confundem política com politização. “Foi identificado que esse grupo da sociedade recebe muitas informações, mas não tem conhecimento sobre o assunto para ser capaz de debater ou dar o tratamento adequado a essas informações”, revela a professora.
Outro fator exposto pelo trabalho científico foi que a maioria das pessoas entrevistadas considera que o momento ideal para aprender política é no Ensino Médio. Mas os jovens investigadores contestam: “os estudantes que iniciam seus conhecimentos sobre a estrutura política do país somente nessa fase, já chegam contaminados com muitas informações”. Para atingir os objetivos do projeto e oferecer períodos regulares de leituras, debates e reflexões acerca do funcionamento político a equipe desenvolveu métodos a serem aplicados desde o Ensino Fundamental II. “Oficinas mediadas por professores de História, Sociologia e Filosofia com o intuito de informar, apresentar problemas e incentivar os alunos a buscarem argumentos para defender ou criticar questões comuns de governos e uma página virtual com conhecimentos gerais sobre política e sistemas de governança foram algumas das propostas que encerram o projeto”, explica a orientadora.
A pesquisa científica foi vencedora da Mostra de Soluções 2018, realizada pelo Colégio Positivo, evento que reuniu mais de 300 projetos e aproximadamente 1.800 estudantes de diversas instituições. Foi também um dos trabalhos selecionados pela instituição para participar de uma banca de professores especialistas e concorrer a uma vaga na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (FEBRACE), que reúne trabalhos pré-universitários do Brasil todo para serem apresentados na Universidade de São Paulo (USP). “Foi gratificante ser reconhecido desta forma. A expectativa é grande pela apresentação e pela experiência de estar em uma feira reconhecida internacionalmente, tanto para mim quanto para os meus colegas”, conta o aluno Alberto Nakakogue. Os trabalhos finalistas serão divulgados no dia 18 de dezembro e podem ser conferidos no site da FEBRACE.

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