Uberização da economia


Alexandra Leitão é Economista e Mestre em Finanças pela Universidade do Porto; Doutora em Economia do Ambiente pela Universidade Nova Lisboa; Docente na Católica Porto Business School.

Uber é uma palavra de origem alemã que significa super, muito melhor.  É utilizada para salientar que alguma coisa é excepcional: uber música, uber jogo, uber festa. A uberização – expressão tirada da palavra Uber – serve para expressar sobre as novas formas de fazer negócios, apoiadas nas tecnologias móveis que ligam fornecedores a consumidores. Através delas, serviços e produtos são transferidos diretamente (sem intermediários), de modo personalizado, de uma maneira inexistente nos outros sistemas eletrônicos.

Nesta nova modalidade, é possível buscar e receber quase todo tipo de serviços acessíveis em qualquer smartphone ou página da web. Atualmente, esse modelo Uber exerce uma ameaça latente sobre os modelos de negócio tradicionais, por sua inovação pioneira e impactante através das tecnologias.

A uberização é resultado do fenômeno digital. Mas não é exclusiva dos meios mais digitalizados, como os sistemas operacionais e aplicativos. E tem potencial para afetar praticamente todos os setores econômicos. A pressão do mercado consumidor por soluções e serviços mais rápidos, baratos e flexíveis – sem intermediários, simplesmente digitais –, leva inevitavelmente à ruptura dos modelos de negócio tradicionais existentes. O que está na proposta é digitalizar tudo e ligar tudo à Internet. Sem outras saídas, as instituições atuais devem escolher entre a digitalização e a morte.

Já há inúmeros serviços que funcionam segundo o modelo Uber. Vão desde a economia compartilhada (viagens, alojamentos, saúde) a outras utilidades. Eles mostram as alternativas mais vantajosas de serviços já consolidados, como os de táxis no caso da empresa Uber. E de hospedagem como no caso da empresa Airbnb.

Nos Estados Unidos, a empresa Pager dispõe o aplicativo permite às pessoas ter um médico a qualquer hora. Os médicos trabalham em hospitais ou em consultórios, mas nas horas vagas, através do Pager, atendem os pacientes interessados. As consultas são marcadas online e o pagamento é feito digitalmente.

Também nos Estados Unidos, na área da saúde, em vez de os pacientes entrarem na fila de um Centro de Saúde para marcar consulta e aguardar a vez sentados na sala de espera, eles podem usar um website ou uma app para solicitar uma consulta online a uma equipa de médicos inscritos na plataforma American Well. As empresas de telemedicina proliferam em todo o mundo.

Até o setor da Justiça tem o seu momento Uber. A empresa Axiom, com sede em San Francisco (EUA), tem uma rede de 1.500 advogados de várias especialidades que trabalham em casa ou seus escritórios, oferecendo serviços jurídicos através desta plataforma, reduzindo os custos para os clientes.

Vimos que o correio eletrônico desafogou a atividade postal e que as máquinas de cartão facilitaram boa parte das atividades bancárias. Então, vemos a Uber oferecer um serviço personalizado mais bem adaptado às necessidades dos fornecedores e consumidores. Por isto, a uberização é uma realidade inevitável. Apesar dos efeitos colaterais – provocados pela quebra dos processos econômicos vigentes –, o novo modelo de negócios significa crescimento econômico e desenvolvimento social. Isto é de interesse geral.

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