Instituto de Pesca apresenta na Agrishow tecnologia para obtenção de biofertizante a partir de macroalga marinha

O mercado de plantas aquáticas movimentou US$ 5,6 bilhões entre os anos de 2014 e 2015, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). De olho na importância econômica desse mercado, o Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolve desde 1995 estudos com a macroalga marinha Kappaphycus alvarezii, que apresenta potencial de aplicação em diversos segmentos da indústria, como o de biofertilizantes. Os resultados das pesquisas serão apresentados ao público entre os dias 30 de abril e 4 de maio durante a Agrishow 2018, em Ribeirão Preto.
De acordo com a pesquisadora do IP Valéria Cress Gelli, que conduz as pesquisas com macroalga K. alvarezii, o extrato obtido a partir dessa alga é considerado um biofertilizante foliar e sua eficiência já foi comprovada em diversos estudos.
"Os testes preliminares que realizamos apontaram um aumento de produtividade de aproximadamente 25% na cultura da alface quando utilizado o extrato dessa macroalga como biofertizante na concentração de 2%. Essa constatação reforça a eficiência do extrato para tal finalidade, pois ele também tem sido utilizado com sucesso nas culturas do quiabo e do trigo, por exemplo", diz a pesquisadora.
Outro ponto positivo da utilização da macroalga para esse fim é que o produto é biodegradável e previne doenças nas lavouras, principalmente fungos e bactérias, afirma Valéria. "Nos últimos anos tem crescido o mercado de alimentos orgânicos, mas a produtividade por área ainda é um entrave, pois é menor nessa metodologia de cultivo. Neste sentido, o biofertizante extraído da alga K. alvarezii é uma alternativa que pode ser utilizada para aumentar produtividade sem comprometer a certificação dos produtos", explica.
O cultivo de K. alvarezii também pode colaborar para o desenvolvimento do setor pesqueiro, em particular aquele relacionado à produção aquícola familiar e/ou artesanal. "Nos estudos de viabilidade econômica realizados, concluímos que a produção da macroalga passa a ser viável a partir de estruturas de cultivo de 2.000 m² de lamina d'água. Isso demonstra o seu potencial para utilização por grupos que precisam de alternativas econômicas, como, no caso, o de pescadores artesanais", explica.
Biocombustível
Em outra frente de estudo, a utilização da macroalga Kappaphycus alvarezii como biocombustível também demonstrou ser viável. A tecnologia inédita para a obtenção de um hidrolisado de glicose por meio do processamento industrial de macroalgas marinhas foi desenvolvida pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) em cotitularidade com o Instituto de Pesca.
A tecnologia proporciona uma taxa de conversão da glucana em glicose de 100%, o que permite a redução de uma etapa para a produção de biocombustível. Para se ter uma ideia, a taxa de conversão da cana-de-açúcar é de apenas 20%. Por isso, o hidrolisado de glicose se configura em uma alternativa tecnológica com menor impacto ambiental para a produção de combustíveis.
Agrishow – de 30 de abril a 4 de maio: Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, Km 321, s/n - Condomínio Quinta da Boa Vista, Ribeirão Preto
Por Leonardo Chagas

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