Integração

Reginaldo Villazón

Amar, zelar e valorizar o lugar onde se vive – a casa, a rua, o bairro, a cidade, o estado, o país – pode ser na realidade apenas um apego mesquinho. Muitas pessoas em plena juventude já rejeitaram boas oportunidades de trabalho e vida para não terem que mudar de residência para outras regiões. De fato, elas não amavam, não zelavam nem valorizavam seus recantos, pois não estavam preparadas para tanto. Tinham só apego. E se fechavam a outras experiências, novos aprendizados.

Nesse contexto, a globalização foi anunciada como um processo que transformaria o mundo numa aldeia global, sem fronteiras que demarcassem países e regiões, sem diferenças que distinguissem povos e culturas. Esperava-se que o mundo fosse se tornando cada vez mais uniforme, mais igual. Seria possível ver, em todos os lugares, pessoas usando os mesmos modelos de roupa, comendo os mesmos tipos de comida, agindo de modos semelhantes. Tudo tenderia à invariabilidade.

Enfim, foram chegando as redes eletrônicas de informação, os computadores, os aparelhos móveis, a internet, os aplicativos eletrônicos de comunicação, as viagens internacionais mais baratas em aeronaves eficientes. Os impactos sobre a sociedade mundial foram bem diferentes do que se imaginava inicialmente. Hoje, já faz sentido pensar o mundo como uma aldeia global. Mas as peculiaridades regionais, étnicas e culturais alcançaram a relevância de riqueza diversificada.

Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, o acesso em massa às tecnologias de informação e comunicação ampliou o senso crítico das populações e as cobranças por políticas públicas de inclusão social e geração de oportunidades para todos. Enquanto isso, nos países desenvolvidos, governos e populações abriram vagas de intercâmbio com povos de todo o planeta, prestigiando suas as diferenças e singularidades. Os regionalismos e nacionalismos perderam a nocividade.

Amar, zelar e valorizar verdadeiramente a comunidade onde se vive – no contexto atual da globalização, resguardando as diferenças e realidades – são ações que devem estar presentes nos planos de desenvolvimento local. Porém, a comunidade auferirá maiores ganhos se puder envolver a sua cultura com outras culturas, tomando a diversidade cultural como eixo para arquitetar um desenvolvimento criativo e eficiente, afinado com o processo de globalização em curso.

Hoje, a integração das diferenças culturais é buscada pelos jovens com bastante interesse. Eles percebem que, em meio das diferenças, as oportunidades de crescimento são bem maiores. A integração das diversidades é uma condição essencial para a criação de novas formas de trabalho, produção, sustentação e vivência. É na substância da diversidade que será possível construir um mundo inclusivo, que ofereça oportunidades de vida digna a todas as pessoas, conforme suas vocações e possibilidades.
 

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